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Cena do filme "Perfume - A História de Um Assassino" | Divulgação/Paris Filmes
Cena do filme "Perfume - A História de Um Assassino"| Foto: Divulgação/Paris Filmes

Além dos épicos de Clint Eastwood – A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, que retratam uma mesma batalha da Segunda Guerra Mundial –, o maior conflito armado do século 20 também é tema este ano de uma co-produção da França, Marrocos, Bélgica e Argélia: Dias de Glória, do diretor francês Rachid Bouchareb, filme que estréia hoje em Curitiba no Unibanco Arteplex Crystal. A fita representa a Argélia na cerimônia do Oscar, concorrendo na categoria de melhor filme estrangeiro.

A produção fala dos milhares de soldados das colônias francesas na África que, em 1943, deixaram seus respectivos países para lutar pelo exército da pátria-mãe, mesmo sem nunca terem pisado nela. A trama é focada em quatro desses colonizados, que vão para guerra por motivos diferentes. Said – Jamel Debbouze, de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (o rapaz da quintanda) e Astérix e Obélix: Missão Cleópatra, comediante de sucesso e descendente de argelinos, que ajudou a captar recursos para a produção com seu prestígio – deseja realmente libertar a França do jugo dos nazistas. Messaoud (Roschdy Zen) sonha em morar em Marselha. Yacine (Samy Naceri) vê na libertação uma chance de conseguir dinheiro para ajudar a família. Abdelkader (Sami Bouajila) quer seguir na carreira militar.

Por ser alfabetizado, esse último torna-se uma espécie de líder na luta pelos direitos dos soldados de origem árabe e africana no exército francês. Tratados como pessoas da mais baixa classe na ordem social (chamados de indigènes, título original do filme), os colonizados não tinham direito à mesma comida ou regalias destinada aos militares franceses. Para completar, eram usados como iscas nas investidas contra os nazistas – eram os africanos e árabes que iam sempre à frente da tropa, servindo de alvo para revelarem os esconderijos da artilharia do inimigo; só depois que muitos deles morriam é que os soldados "legítimos" da França avançavam.

Um dos títulos mais caros feitos na França, a produção se esmera em reconstruir as sangrentas batalhas na Europa, revelando um ótimo trabalho de reconstituição de época. Mas o destaque de Dias de Glória fica mesmo por conta de seu elenco, reconhecido pelo Festival de Cannes, que concedeu o prêmio de melhor ator da edição 2006 ao trabalho conjunto dos intérpretes de origem árabe.

O bem realizado filme de Bouchareb, muito bem recebido pelos franceses, apresenta um tema atual e em constante debate atualmente na França e na própria Europa: a condição dos imigrantes e seus descendentes no velho continente, obrigados a lidar e a lutar, muitas vezes sozinhos, contra o xenofobismo de muitos europeus.

Os veteranos de origem árabe e africana não tiveram, por muito tempo, direito a pensões do governo francês. Eles conseguiram esse direito há pouco anos, mas não foi por muito tempo, já que o governo acabou por revogar a lei destinada a eles. GGG1/2

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