Laurentino Gomes vive dias de ansiedade e expectativa neste fim de julho, e a tensão deve aumentar durante agosto. Afinal, no dia 7 de setembro, ele lança oficialmente o aguardado 1822. A partir de então, fará uma maratona de divulgação Brasil afora.
No dia 15 de setembro, toma posse da cadeira 18 na Academia Paranaense de Letras, anteriormente ocupada pelo jornalista Francisco Cunha Pereira Filho (1926-2009), diretor-presidente da Gazeta do Povo durante 47 anos. No dia seguinte (16), autografa 1822 na Livrarias Curitiba do Shopping Estação. E, no dia 17, realiza duas palestras na Unicuritiba.
O jornalista que se tornou um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro conseguiu fazer da História um assunto tão compreensível quanto a notícia do buraco na rua que sai no jornal. E isso tem explicação: ele soma 30 anos de experiência em jornais e revistas, incluindo publicações da Editora Abril, como Veja, Quatro Rodas, Cláudia etc.
Foi o acaso ou, como Gomes mesmo define, "um milagre" que deu origem ao livro que, desde setembro de 2007, data do lançamento, já vendeu mais de 500 mil exemplares no Brasil. Anteriormente, ele preparava um especial sobre o período em que a corte portuguesa se instalou no Brasil. Mas o conteúdo não foi publicado. Ele aprofundou a reportagem e, nas vésperas dos 200 anos da chegada de d. João no Rio de Janeiro, publicou 1808.
Gomes, paranaense de Maringá, viu, em um breve espaço de tempo, a sua vida se modificar. 1808 entrou e permaneceu por mais de um ano na lista dos mais vendidos. Ele passou a realizar palestras em todo o Brasil.
O jornalista e escritor conta que, apesar de ser convidado para falar a respeito do conteúdo do livro, o assunto dos bate-papos costuma ser a política contemporânea. Ele diz que essa conexão entre passado e presente é natural. "O presente e o futuro dependem do que passou", afirma.
Durante palestras e conversas, Gomes, ao invés de falar sobre problemas, chama a atenção para as virtudes históricas. Ele tem uma lista: ocupação territorial bem-sucedida, tolerância racial e convívio com o outro (o diferente). "Sou otimista em relação ao futuro. Se conseguirmos perceber essas qualidades, podemos vislumbrar um futuro positivo para o nosso país", diz.
Gomes lembra que o que há, por exemplo, em Brasília, é o que o Brasil produziu de melhor. "Se existe um senador corrupto, ele está lá porque foi eleito. Estamos aprendendo, por tentativa e erro", analisa.
Ele salienta que não será pelas mãos de um salvador, seja ditador ou presidente populista, que o Brasil irá melhorar em um passe de mágica. "Nunca seremos uma Suíça, mas também não vamos chegar no que é um Haiti", pondera.
Em processo
Gomes leu mais de cem livros para escrever 1808, e mais de 180 na pesquisa para 1822. A partir dessa imersão, ele aponta momentos-chave da História. "1808, ano da instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, marca o início da construção da identidade brasileira, que ainda está em processo de elaboração", afirma. E a temporada lusitana no Brasil deflagaria o processo de Independência, tema de seu novo livro. "Os assuntos estão interligados", comenta.
Gomes concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Povo na tarde de ontem ele realizou uma palestra para os jornalistas da Redação. Foi a primeira aparição de Gomes desde julho do ano passado, quando se recolheu para escrever 1822. Ele sabe que há expectativa para esse novo projeto, afinal, conquistou público e crítica a partir de um casamento equilibrado de recursos do jornalismo com os da História.
O texto sedutor somado a uma pesquisa profunda é um dos segredos do autor de 1808 o que deve se repetir com 1822.
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