O escritor curitibano Felipe Munhoz vai representar a cultura local na comemoração dos 80 anos do escritor norte-americano Philip Roth. O evento está sendo organizado pela "The Philip Roth Society", um grupo internacional de estudos da obra de Roth, que no mês passado anunciou a sua aposentadoria da literatura.
A promessa é de um evento à altura do homenageado, nos dias 18 e 19 de março (data de nascimento do autor) do ano que vem, em Newark, sua cidade natal.
O curitibano Munhoz vai participar de uma mesa e mediar um dos debates em torno do autor, cuja obra já estudou com profundidade, de forma quase obsessiva, o que o credencia como um dos especialistas convidados para o evento sobre autor de O Complexo de Portnoy. O mundo de Felipe Munhoz encontrou o de Roth após a leitura do romance Mentiras, publicado no Brasil pela Siciliano, em 1991.
Felipe sofre de um raro problema cardíaco chamado Forame Oval Patente (FOP), responsável por três derrames e que obrigaram o jovem de 22 anos a conviver precocemente com a ideia de finitude, tão presente na obra de Roth.
Ele recebeu, em 2010, uma bolsa de criação literária no valor de R$ 30 mil, a fim de desenvolver o projeto de um romance que já está pronto e deve ser lançado no inicio do ano que vem. O nome do livro: Mentira, já dá a mostra de que o texto é maciçamente inspirada na forma e conteúdo da obra de Roth.
Para o escritor curitibano, o convite é uma "honra". Quanto ao anúncio da aposentadoria de seu autor preferido e referencial, Munhoz disse que a recebeu "sem muito espanto". "Ele já tava dando pistas. Ele conseguiu fechar todas as arestas de sua obra. Há pouquíssimos escritores que conseguiram ter um trabalho tão coeso."
Aposentadoria
O anúncio da aposentadoria do escritor Philip Roth foi feito em uma entrevista à revista francesa Les Inrockuptibles, publicada no mês passado. Perguntado se ainda sentia desejo de escrever, Roth respondeu que não e que não tem intenção de o fazer durante os próximos dez anos. "Para ser franco, acabei. Nêmesis será o meu último livro. Olhe o exemplo de E. M. Forster, que deixou de escrever ficção quando tinha 40 anos. E eu que encadeava livro atrás de livro, não escrevi nada nos últimos três anos", afirmou.
Durante a conversa, a jornalista insistiu e quis ter a certeza de que havia entendido bem que não haverá novo romance de Philip Roth: "Não acredito que um livro a mais ou a menos mudará o que quer que seja que eu já tenha feito. E se eu escrever um novo livro, ele provavelmente será um livro falhado. Quem é que precisa ler mais um livro medíocre?"
Roth ainda explicou que vai se dedicar a organizar os seus arquivos para os entregar ao seu biógrafo Blake Bailey. Roth disse que quer que depois da sua morte haja pelo menos uma biografia sobre a sua obra e a sua vida que seja exata. "Não quero que os meus papéis pessoais andem por aí. Ninguém tem de os ler. Todos os meus manuscritos já foram entregues à Biblioteca do Congresso (dos EUA)", disse à revista francesa.
Para ir além
O escritor Philip Roth é considerado um dos maiores escritores norte-americanos da segunda metade do século 20. E também um dos mais estudados e cultuados. Veja ao lado algumas de suas obras mais importantes:
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