Formato alternativo
Disco nunca foi exatamente barato no Brasil em relação ao baixo poder aquisitivo da população. Na era do vinil, uma forma de atender quem não podia pagar (ou não tinha interesse) para comprar um LP eram os saudosos compactos simples e duplos. Na Europa e nos Estados Unidos, a cultura do single (ou EP) ainda sobrevive, mas no Brasil nunca pegou. Muitos lojistas, por ignorância ou simples ganância, vendiam o single pelo preço de um álbum. Hoje, vive-se a febre dos downloads ilegais em MP3 e a ameaça da pirataria cada vez maior.
Por isso, a SonyBMG decidiu reeditar o velho formato, mas agora com o preço na capa. Sim, de Vanessa da Mata, é o primeiro a sair nessa versão, por R$ 9,99. Segundo a assessoria da gravadora, os comerciantes receberam bem a idéia do projeto, batizado de CD "Zero", até porque eles também têm interesse em evitar o prejuízo com a ação dos pirateiros. Vanessa escolheu as faixas e acha que é uma boa opção para oferecer ao público. As eleitas por ela foram "Boa Sorte/Good Luck", "Baú", "Quem Irá nos Proteger", "Quando um Homem Tem uma Mangueira no Quintal" e "Absurdo". Quem quiser, pode adquirir as demais por download no site da gravadora. Os próximos títulos: Lobão e Capital Inicial
Uma canção, a contagiante "Ai, Ai, Ai", mudou os rumos da carreira de Vanessa da Mata. Mesmo que já contasse com público cativo para seus shows ao redor do país, sem falar dos fãs mais apaixonados, a cantora e compositora mato-grossense ainda não era considerada uma "artista popular" no sentido radiofônico da expressão. Faltava-lhe um hit que a colocasse na boca do povo.
A inclusão da faixa, integrante do CD Essa Boneca Não Tem Manual, na trilha sonora da novela Belíssima elevou Vanessa a outro patamar de visibilidade. Ela, de repente, se pegou vivendo dias de Ivete Sangalo: a canção foi a mais executada nas rádios brasileiras em 2006 e o CD, o segundo de sua carreira, ganhou disco de platina, correspondente a 125 mil cópias vendidas, marca excelente em tempos de pirataria desenfreada (leia quadro). A agenda de shows, de norte a sul do país, lotou.
Embalada por essa nova "vida de estrela", Vanessa chega ao terceiro álbum, o ótimo Sim (SonyBMG), e a boa fase parece estar indo de vento em popa. A crítica nacional tem considerado o disco o melhor entre os três que já lançou. Vanessa credita essa positiva recepção à sua maturidade como criadora e intérprete. E afirmando sua personalidade em diversos aspectos. Seu trabalho, assim como o de Marisa Monte, consegue vencer o árduo desafio de estabelecer uma interessante e eficiente ponte entre a MPB e o pop.
"A minha maior preocupação é que fosse um CD vivo, para cima, simples, sem fricotes", disse Vanessa ao Caderno G por telefone, acrescentando que considera Sim o mais espontâneo de todos seus trabalhos.
É um disco ao mesmo tempo moderno, vigoroso nos arranjos e no equilíbrio de gêneros e temas: tem samba brejeiro, disco music com peso roqueiro, reggae, carimbó (ritmo popular no norte e centro-oeste do país), canções amorosas, protesto ecológico e até bolero.
Criação
Vivendo hoje entre Rio de Janeiro e São Paulo "Nem sei mais onde moro de verdade" , Vanessa conta ao Caderno G que não tem uma metodologia definida na hora de compor: "Às vezes acordo com um fragmento de canção na cabeça, um refrão. Pode ser só a melodia, ou apenas as letras." E, se as composições estão mais consistentes em Sim, seu canto também evoluiu. Vanessa está cantando melhor do que nunca e sem afetações.
Já rodando nas rádios, o carro-chefe do disco é "Boa Sorte/Good Luck", parceria de Vanessa com o norte-americano Ben Harper. A música, gravada à distância, acabou sendo assinada pelos dois artistas porque Vanessa reconheceu na leitura de Harper de sua criação contribuições importantes. "Sempre me identifiquei muito com a sonoridade de Ben e sua maneira de cantar, mas só fomos nos conhecer, em Los Angeles, um mês depois da música pronta".
Parcerias
As parcerias, contudo, não param por aí. Tem a dançante "Você Vai Me Destruir", com o guitarrista Fernando Catatau, do grupo Cidadão Instigado. A cantora também se cercou de outras figuras das mais criativas do cenário pop brasileiro e internacional, como Kassin (Los Hermanos), que divide com ela a autoria da afro-caribenha "Pirraça". Com Mario Caldato (que trabalhou com Beastie Boys, Jack Johnson e o próprio Ben Harper) ela co-assina a produção do CD.
Entre os músicos que acompanharam a cantora nas gravações estão o baterista Pupilo, da Nação Zumbi, os guitarristas Davi Moraes e Pedro Sá. Há também personalidades lendárias como o percussionista Armando Marçal, o baterista Wilson das Neves (da banda de Chico Buarque) e o pianista João Donato.
A presença mais significativa, no entanto, é a da dupla jamaicana Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo), que imprime o pulso do dancehall, o reggae moderno de pista, do qual eles se tornaram ícones, em cinco faixas de Sim. A aproximação de Vanessa desses músicos fez que com o disco ganhasse uma clima de praia, despojado e orgânico, do qual o trabalho tira sua grande força. GGGG
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