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James Brown no Apollo Theatre, em outubro de 1962, fazendo valer o título de “o cara que mais trabalha no show business” | Chuck Stewart/Divulgação
James Brown no Apollo Theatre, em outubro de 1962, fazendo valer o título de “o cara que mais trabalha no show business”| Foto: Chuck Stewart/Divulgação

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Quais são os seus discos ao vivo favoritos?

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As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

  • At Fillmore East (1971)- The Allman Brothers Band - Um show de técnica e improviso musicais, literalmente. Em seus quase 23 minutos,
  • Live at Leeds (1970)- The Who - O disco que praticamente inventou o rock de arena. Sem sutilezas, pura amplificação, como na cover de
  • O Tempo Não Pára (1988)- Cazuza - Sinal do gosto do público brasileiro por discos ao vivo: este foi o mais vendido na carreira do cantor carioca. É também um de seus melhores trabalhos.
  • Kick Out the Jams (1969)- MC5 - Como capturar toda a energia anárquica de uma banda em seu disco de estreia? Gravando ao vivo no lugar em que crescia um embrião do punk: Detroit.
  • Kicking Television (2005)- Wilco - Os trabalhos etéreos que o grupo lançou na virada do século ganham aqui um som mais pé-no-chão, mais orgânico. Mais rock.
  • Fa-tal: Gal a Todo Vapor (1971)- Gal Costa - Um dos poucos discos ao vivo nacionais a entrar em listas de melhores álbuns da música brasileira. Tem
  • Unplugged in New York (1994)- Nirvana - Mostrou que, sob a distorção e o barulho dos shows e dos discos de estúdio, sobreviviam as melodias e a voz áspera de Kurt Cobain.
  • Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo (1972)- Caetano Veloso e Chico Buarque - Registro de um grande encontro no Teatro Castro Alves, em Salvador, no ano em que Caetano retornava do exílio na Inglaterra.

O funk só sairia do forno dali a três anos, mas os ingredientes do estilo começavam a ser revelados por James Brown em outubro de 1962, em uma série de ­shows no mítico Apollo Theatre, em Nova York. Uma dessas performances, ainda bem, foi registrada e depois eternizada em Live at the Apollo. O disco, que completa 50 anos, volta e meia é apontado como o melhor da carreira do artista, mesmo sem conter um único dos hits que ditariam os rumos da música negra a partir de 1965. O que se escuta ali é uma banda no auge da forma, impecável na marcação do ritmo e tão frenética que seus integrantes parecem estar prestes a desmaiar por falta de fôlego. Inclusive nas baladas.

Não foi fácil para Brown con­­­­­ven­­­cer o dono da King Re­cords, Syd Nathan, de que um disco ao vivo seria importante para a sua carreira. Aliás, ele não convenceu. Nathan não queria saber de LPs, muito menos ao vivo, pois achava que só os singles é que vendiam bem. O cantor então agendou uma semana inteira de shows no Apollo (com cinco apresentações por dia!) e bancou a gravação do próprio bolso. Quando o executivo ainda assim se recusou a lançar o álbum, Brown passou a distribuir cópias para amigos nas rádios. A pedido dos ouvintes, os DJs chega­vam a pôr no ar a íntegra do show. Cansado de responder às perguntas sobre o trabalho engavetado, Nathan colocou-o no mercado em maio de 1963. Live at the Apollo vendeu 1 milhão de cópias, chegou ao segundo lugar das paradas e inaugurou uma nova fase na carreira do "sr. Dinamite", um dos inúmeros apelidos de James Brown.

O cantor fazia shows regulares no Apollo desde 1959 e àquela altura já tinha conquistado a implacável plateia da casa. Segundo o biógrafo R. J. Smith, o artista insistia em lançar o disco ao vivo porque queria ganhar o resto do mundo. "O Apollo era o último estágio do circuito negro, que Brown dominava. A partir daí, o único lugar para onde poderia ir era de volta ao Apollo, ou então, transpor de algum modo essa fronteira", escreve o autor em James Brown: Sua Vida, Sua Música (Leya, 2012).

Do instante inicial – em que o MC Fats Gonder pergunta se o público está preparado para a "hora do astro" antes de chamar "o cara que mais trabalha no show business" (Brown se apresentava mais de 300 noites por ano) – até a brincadeira nos acordes finais de "Night Train", passando pelo medley que espreme 9 músicas em 6 minutos e meio, Live at the Apollo é um capítulo essencial da história da música. Pode não ser o nascimento do funk, mas a longuíssima "Lost Someone", sozinha, ajudou a transformar o R&B em algo até então pouco conhecido: soul music, o gospel pagão.

Além dos "aniversariantes" At Folsom Prison e Live at the Apollo, a Gazeta do Povo traz uma lista de oito discos ao vivo essenciais para a sua coleção:

Essenciais

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