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Versão em 3D das aventuras do coelho Pernalonga: 26 episódios novos com meia hora de duração | Divulgação
Versão em 3D das aventuras do coelho Pernalonga: 26 episódios novos com meia hora de duração| Foto: Divulgação
  • Desenhos são considerados clássicos da animação mundial

Nova York - Preocupada com o fato de que a pouca popularidade do elenco dos personagens de Looney Tunes entre as crianças talvez seja o c-co-começo do f-fi-fim dessa tradicional franquia do desenho animado, a Warner Brothers está lançando uma campanha de resgate.

Uma nova série com 26 episódios de meia hora, "The Looney Tunes Show", está programada para o Cartoon Network no segundo semestre e será estrelada por Pernalonga e Patolino, a dupla improvável vivendo junta na mesma casa de uma rua tranquila, nos dias atuais. Eufrazino Puxa-Briga, Piu-Piu, Frajola, Marvin, o Marciano e Gaguinho serão seus vizinhos.

Enquanto isso, Papa-Léguas e o Coiote voltam à ativa nos cinemas numa série de curtas em 3D. O primeiro deles – a Warner aprovou três, e há ainda outros três em desenvolvimento – será exibido antes das sessões de Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore, que chega às telas em 30 de julho.

Os departamentos de produtos e entretenimento caseiro do estúdio tentam fazer sua parte, lançando um novo game para Nintendo com o Demônio da Tasmânia como personagem, em setembro, e várias novas compilações em DVD.

O site LooneyTunes.com também está sendo expandido. "Conversamos muito sobre se estávamos tendo a ousadia necessária ao tratar desses ícones e verdadeiros tesouros", diz Peter Roth, presidente da Warner Brothers Television, que passou recentemente a supervisionar a franquia, após sua reestruturação. "Custa caro e é arriscado, mas acho que estamos diante de uma extraordinária oportunidade."

A Warner se recusa a revelar quanto está gastando na iniciativa, mas só a série de tevê custou US$ 750 mil dólares por episódio, segundo estimativas do meio. "Queremos reforçar a marca com a melhor execução possível do desenho – em alta qualidade, com o que há de mais inovador", afirma Roth.

Melhorar a qualidade não será difícil. "A coisa desceu a um nível tão baixo que só poderíamos subi-lo", observa Sam Register, que há dois anos assumiu a vice-presidência executiva do departamento de criação da Warner Brothers Animation, referindo-se a tentativas anteriores de reinventar os Looney Tunes para as novas gerações.

A Warner tem fama, tanto entre os fãs quanto nos meios especializados, de promover campanhas desastradas de atualização da franquia. Steven Spielberg deu um impulso aos personagens no início dos anos 90 com as Tiny Toons Adventures, uma série na qual novos personagens contracenavam com os originais. Mas os Baby Looney Tunes, de 2002, foram um fracasso tanto no canal da Warner quanto, mais tarde, no Cartoon Network.

Os esforços para ressuscitar a franquia na tela grande não foram mais bem-sucedidos. Space Jam: O Jogo do Século, uma mistura de animação e cenas com atores, estrelando Michael Jordan, deu lucro, em 1996. Mas o filme mais recente, de 2003, outro híbrido de filme e animação, Looney Tunes de Volta à Ação, fez as audiências americanas torcerem o nariz. O filme, com Brendan Fraser, custou estimados US$ 95 milhões e, de acordo com a Box Office Mojo, faturou em bilheteria US$ 25 milhões nos Estados Unidos, valor já reajustado pela inflação do período.

Mais recentemente, grandes planos para levar os Looney Tunes ao mundo virtual soçobraram em meio à crise econômica. The Loonatics Unleashed, outra série de tevê, de 2005, foi mais um dos esforços para dar nova cara a Pernalonga e Patolino, introduzindo visuais futuristas e versões dos personagens parecidas com o estilo japonês de desenho animado, mas também fracassou. Muitos pais odiaram os Loonatics e seus cabelos moicano e olhos ameaçadores, o que levou a série a ser cancelada em 2007.

Desta vez, prometem Register e Roth, vai ser diferente. Um grande diferencial tem a ver com o DNA desses espirituosos personagens – será o mesmo que os levou ao estrelato nos anos 1940. Pernalonga, Patolino, Gaguinho e cia., pela primeira vez em muitos anos, terão a aparência e o comportamento familiares aos adultos que cresceram acompanhando o desenho. Sem bebês. Nada de aventuras espaciais excêntricas.

"Estamos gostando muito do tom e do visual da nova série, simplesmente magnífico", afirma Stuart Snyder, supervisor do Cartoon Network e à frente da divisão de mídia infantil da Turner Broadcasting.

No caso do Coiote e do Papa-Léguas, que nunca emite nenhum som exceto seus ocasionais "bip-bip", a Warner optou estritamente por voltar ao visual clássico – embora os personagens tenham sido recriados em computador, com o tipo de traço que já é tão familiar às crianças. Os personagens falantes foram mais difíceis de recriar, mas mesmo eles se aproximam bastante da aparência com a qual se tornaram marcantes no passado.

"Quando se começa a desenhar o Pernalonga exatamente como era desenhado em 1949, cria-se a expectativa de que animação e voz fiquem exatamente iguais ao que eram", conta Register. "Obviamente não é possível, então a gente procura o que os personagens têm de melhor e faz algo vagamente novo com isso."

Ela acrescenta que a arte de The Loonatics Unleashed fica emoldurada e exposta nos estúdios de animação da Warner como um lembrete do que não deve ser feito.

A nova série, ainda sem data de estreia, terá seus episódios quebrados em sequências curtas. Serão historinhas de seis minutos relacionadas umas às outras, acompanhadas de se­­quên­cias de dois minutos de Merrie Melodies – nas quais os personagens estrelam vídeos musicais (num deles, Hortelino Troca-Letras dedica uma balada romântica a um queijo-quente) – e de perseguições, também de dois minutos, estrelando o Papa-Léguas.

Apesar dos passos em falso, a marca Looney Tunes representa uma formidável fatia da venda de produtos da Warner Brothers, especialmente no exterior, onde a franquia, em suas várias encarnações, ainda é reexibida exaustivamente. A Warner tem tentado mantê-la viva nos Estados Unidos, em parte, por uma parceria para promoção de alimentação saudável com a Safeway, além de turnês nacionais de um concerto musical chamado Pernalonga em Sinfonia, no qual orquestras executam a trilha de clássicos como The Rabbit of Sevilla ["o coelho de Sevilha", uma paródia da ópera de nome análogo, mas estrelando Pernalonga].

As vendas de produtos da marca vêm caindo nos últimos oito anos, mas ainda batem na casa do US$ 1 bilhão anual no mundo todo, com cerca de mil produtos licenciados. (Como comparação, o Ursinho Puff gera US$ 5 bilhões para a Disney.) A esperança é de que The Looney Tunes Show, com a ajuda dos curtas exibidos nos cinemas, turbine novas linhas de produtos.

"Primeiramente, precisamos investir uma boa quantia no conteúdo", afirma Brad Globe, da Warner Brothers Consumer Products. "Uma vez que tenha ganhado as ruas, os varejistas de produtos ficarão interessados."Jerry Beck, especialista em história do desenho animado e autor de um livro a ser publicado em breve, 100 Greatest Looney Tunes Cartoons ["os 100 maiores desenhos dos Looney Tunes"], diz que os fãs devem acolher bem a nova tentativa de recuperar a marca e que a Warner, que contratou os maiores talentos da animação para trabalhar no projeto, parece estar no rumo certo desta vez.

"O Perna está por baixo, mas não acabado", acha Beck. "É muito, muito difícil fazer reviver velhos personagens na cultura atual, mas fico feliz que a Warner pelo menos não tenha abandonado de vez esses caras."

Tradução de Christian Schwartz.

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