Poucos veteranos da MPB permanecem tão ativos como Lô Borges. Nome de destaque do movimento conhecido como Clube da Esquina, o compositor mineiro de 53 anos insiste em não se entregar a fórmulas consagradas e projetos oportunistas como discos "acústicos" e "ao vivo", entre outras picaretagens. "Toco meus sucessos apenas nos shows, porque o público pede. Mas, em casa, só toco música nova", diz o artista, que inicia hoje uma mini-temporada de três dias no Teatro da Caixa, em Curitiba.
Autor de temas como "Trem Azul", "Paisagem na Janela" e "Feira Moderna", Lô foi regravado por figuras das mais diversas gerações de Tom Jobim a Paralamas do Sucesso, passando por Ira!, Simone e Gal Costa. Recentemente, voltou às rádios por meio do hit "Dois Rios", interpretado pelo Skank e escrito em parceria com Nando Reis e Samuel Rosa. Sua carreira fonográfica também continua firme: após o elogiado CD independente Um Dia e Meio (2003), ele atualmente prepara um novo álbum, com o auxílio da banda mineira Radar Tantan (formada por músicos egressos do extinto Virna Lisi, de relativa repercussão na cena pop dos anos 90). "Sempre tive trânsito livre com gente de todas as idades e fico incomodado quando me congelam nos anos 70. Estou mais aceso do que nunca!", afirma o compositor.
Quanto à guinada de grandes medalhões da MPB (Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia) para o mercado independente, Lô se mostra extremamente otimista. Para ele, a música em si é uma atividade independente, e o rompimento com o esquema das gravadoras multinacionais representa a democratização da produção como um todo. "O lance agora é estabelecer parcerias com instituições, gravadoras, distribuidoras, divulgadores. Você deve agir como parceiro de alguém, e não como empregado. Assim, as relações com os meios de produção ficam mais civilizadas e menos concentradas nas mãos das grandes gravadoras, que sempre trabalharam com contratos leoninos, draconianos", reflete.
Lô Borges vem a Curitiba acompanhado apenas do guitarrista Giuliano Fernandes. Mas garante que, apesar do tom intimista, o show conta com vigor e inovação musical. "Não é uma apresentação acústica. O Giuliano usa diversos pedais de efeito na guitarra e cria sonoridades diferentes para cada canção", diz. O público mais saudosista, por sua vez, pode ficar tranqüilo, pois não faltarão no repertório clássicos do calibre de "Clube da Esquina 2", "Para Lennon e McCartney" e "Tudo Que Você Podia Ser". "Ao contrário de outros artistas, não tenho o menor bode em tocar músicas antigas. Elas são parâmetros para o que eu estou fazendo agora, servem como pontes entre as várias fases da minha carreira", conclui.
* Serviço: Show com Lô Borges. Hoje, amanhã e sábado, às 21 horas, no Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280). Ingressos a R$16 e R$8 (clientes, idosos e estudantes). Informações: (41) 3321-1999.
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