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João Luiz Fiani

A Lala Schneider

Vídeo: | RPC TV
Vídeo: (Foto: RPC TV)

Há pessoas que parecem que nunca vão morrer. Gente iluminada, que deveria viver para sempre, nos mostrando os rumos a seguir. Gente que nos faz sentir mais fortes e felizes. Lala Schneider era uma dessas pessoas. Ela parecia eterna. Tinha uma maneira tão intensa de viver a vida, que imaginá-la em outro plano era praticamente impossível... Foram 29 anos de amizade intensa, de respeito mútuo e de muito amor!

A despedida dói... Dói por sabermos que jamais receberemos aquele abraço! Aquele sorriso. Lala sempre estava feliz! Sempre sorrindo, de bem com a vida.

Comecei nos palcos com 15 anos. Nas mãos dela. Chamava-me de filho... O seu filho teatral. E eu sempre brigando com ela por causa do cigarro! Maldito cigarro! É, coisas de família. Quando comecei no Curso Permanente de Teatro, do Teatro Guaíra, não sabia o que era o teatro. E foi através dela, de Ivone Hoffmann e de Armando Maranhão, que esse mundo deliciosamente louco começou a ser desenhado para mim.

Lala era incansável em suas aulas. Impossível esquecer os ensaios, as idéias, os projetos e tudo mais. Quando, em 1993, resolvi ter meu teatro, chamaram-me de louco. Construí e realizei a idéia do primeiro teatro particular do Paraná. E assim começamos a sonhar. Em 23 de abril – aniversário dela – de 1994 o Teatro Lala Schneider foi inaugurado. Jamais vou esquecer o sorriso dela, quando no palco do Guairinha, depois da estréia de O Palácio dos Urubus, dei a notícia para ela e para o teatro lotado. Foi uma comoção! Uma emoção única. Lala parecia uma criança que acabara de ganhar um presente de Natal. Hoje, sinto-me com a consciência tranqüila. Em paz com a minha amiga. Fiz, em vida, uma homenagem que poucos recebem – e que a grande maioria só desfruta após a morte.

E o texto da vida de Lala, que ela mesmo escreveu, aparentemente chega ao fim... Um fim que é um começo. Sua morte será um impulso para todos nós que amamos o teatro e que desejamos viver com dignidade dessa profissão. Lala não está mais entre nós. Deus precisou dela e Ele sabe o que e como faz.

Todos sonhamos com uma morte tranqüila, serena. Sonhamos em dormir e acordar numa outra dimensão. Nisso Deus foi bom. A maior atriz paranaense de todos os tempos nos deixou dessa maneira suave. Indolor.

Lala acordou num plano superior. Sua vida, dedicada aos palcos, foi um exemplo de garra, determinação e amor. Ela construiu uma trajetória digna, de respeito, com a admiração de todos nós. Sua carreira, sua vida e seu exemplo de vida serão eternos para todos os que amam o fazer teatral. Impossível não lembrar de Lala em cena... Um vigor impressionante. Fica uma lacuna, vazio em cena. Os palcos jamais serão os mesmos!

A energia e a vibração de Lala irão fazer falta. Os palcos lá de cima estarão, com certeza, mais felizes, mais intensos! Nós estamos órfãos... Mas tranqüilos por sabermos que a nossa Lala foi intensamente feliz. E viveu seu amor maior – o teatro – da maneira mais bonita possível.

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