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Pablito Kucarz e Renata Hardy, da Pausa Companhia, se apresentam no Espaço Dois | Alessandra Haro/Divulgação
Pablito Kucarz e Renata Hardy, da Pausa Companhia, se apresentam no Espaço Dois| Foto: Alessandra Haro/Divulgação

O grupo

A Pausa ficou fora dos palcos por dois anos. Conheça os projetos encaminhados pelo grupo

Pesquisa

Desde 2008, a companhia explorava a literatura de Machado de Assis, pelo edital de pesquisa em linguagem teatral da Fundação Cultural de Curitiba.

Aperitivos

Ao mesmo tempo, fazia viagens pelo interior do Paraná com Aperitivos. A peça é a mais bem-acolhida da companhia e foi apresentada até no Cariri, região agreste do Ceará. "Não é banal, mas, por não ser tão reflexiva, se comunica bem com as pessoas", diz Renata Hardy.

Will Eno

O grupo planeja montar cinco textos curtos de Will Eno, batizados de Ah! Humanidade!!!. Murilo Hauser deve dirigi-los ano que vem. Um deles, "O Treinador", foi apresentado por Gabriel Gorosito na Mostra Cena Breve.

Um cachorro manipulado arfa e sentencia: "A vida é boa!" No instante seguinte cai morto e, com ele, os atores Rodrigo Ferrarini, Renata Hardy, Pablito Kucarz e Andrea Obrecht igualmente desfalecem. Tal qual Brás Cubas, é pelo fim que começa a nova peça da Pausa Companhia, feita a partir de contos e outros escritos de Machado de Assis.

Após mais de dois anos longe dos palcos, desde que apresentou o Mez da Grippe em meados de 2008, o grupo enfim estreia a montagem […] Roteiro Escrito com a Pena da Galhofa e a Tinta do Inconformismo (confira o serviço completo do espetáculo), hoje, às 21 horas, no Espaço Dois. Fernando Kinas, autor do roteiro, explica no programa da peça que a "pena da galhofa" é necessária "porque ninguém é de ferro", já a "tinta do inconformismo", paradoxalmente, porque "é preciso ser de ferro".

Kinas dirigiu a companhia em Febre (2008), inspirado na obra de Valêncio Xavier. Daquela parceria, ficou a experiência com um teatro mais engajado, que interessou aos atores na hora de pensar em um novo projeto. "Achamos que Machado tinha um viés político muito forte, apesar de ele ser acusado de não tratar de questões sociais, porque as pessoas não reconheciam que ele escrevia em tom de ironia absurda", comenta o ator Rodrigo Ferrarini.

A escolha por trazer à cena o universo machadiano levou em conta também a vontade de trabalhar com dramaturgos brasileiros, como foi a experiência com Valêncio Xavier, depois de encenar os autores estrangeiros contemporâneos Martin Crimp (Menos Emergências) e Mark Harvey Levine (Aperitivos).

Coletivo

No processo de montagem, a Pausa chegou a chamar Edson Bueno para dirigi-los, mas a parceria não vingou. Outros colaboradores vieram, como Moacir Chaves, até que se decidissem por os próprios atores assumirem a direção coletiva, pela primeira vez na história do grupo. "Diretores diferentes trouxeram uma experiência legal, mas cada um com seu modo de fazer. A peça reflete essa busca por uma identidade do grupo. O que somos nós sem essa figura do diretor? ", questiona Ferrarini.

Com receio, até pela inexperiência, eles levaram adiante a direção coletiva. Uma das cenas demorou dois meses a ganhar forma. Até lá, tiveram muito a experimentar e descartar. O roteiro "final", assinado por Kinas, costura intervenções dos atores a contos como "Pai contra Mãe", no qual um pai decide capturar uma escrava fugitiva grávida para sustentar o filho com a recompensa; e "Ideias de um Canário", sobre uma ave que define o mundo a partir do pouco que vê.

O roteiro, no entanto, não é mais do que um guia. O narrador mesmo diz que qualquer indicação deve ser ignorada, tratada como sugestão ou feita ao contrário. "A gente levou isso ao pé da letra", diz Ferrarini. A liberdade de suprimir e alterar cenas coincide com a liberdade como temática comum aos contos. Não à toa, um canário, um cachorro e um burro ganham a palavra. "São os deserdados da voz", diz Rodrigo.

"Em 1800, Machado já conversava com o leitor. É o que o narrador no teatro contemporâneo procura fazer", observa a atriz Renata Hardy. Ela diz que o grupo se preocupou em não deixar o texto erudito e datado. Para driblar a distância, Andrea Obrecht ficou responsável por uma espécie de glossário cômico, e uma palavra como "ornitologia" faz surgir nas mãos de Pablito Kucarz uma explicativa pena.

Para o grupo, [...] é um pouco jogo, um pouco ensaio. O xadrez e seus movimentos estão presentes, ao mesmo tempo em que o espetáculo se mantém aberto, sem respostas, e valoriza a informalidade.

Serviço:

[…] Roteiro Escrito com a Pena da Galhofa e a Tinta do Inconformismo (confira o serviço completo do espetáculo). Espaço Dois (R. Com. Macedo, 431), (41) 3362-6224. Textos de Machado de Assis e Fernando Kinas. Direção coletiva. Com Andrea Obrecht, Pablito Kucarz, Renata Hardy e Rodrigo Ferrarini. Quarta a sábado, às 21 horas; e domingo, às 19 horas. Ingressos: R$10 e R$5 (meia). Até 19 de dezembro.

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