Onde termina a liberdade de uma pessoa e começa a de outra? O espetáculo de dança Skinnerbox discute as relações entre comportamento e liberdade como se os bailarinos fossem peças de um grande jogo, cujas regras dão diretrizes ao corpo sobre como ele deve proceder. A montagem do Grupo Cena 11 Cia. de Dança, de Florianópolis, será apresentada amanhã, às 21 horas, no Guairinha.
Skinnerbox é o nome que o pesquisador norte-americano Burrhus Frederic Skinner deu à sua criação: uma caixa capaz de isolar animais em laboratório para estudar seu comportamento em condições consideradas ideais. A experiência fazia parte de uma pesquisa mais ampla sobre o comportamento humano.
No espetáculo criado pelo coreógrafo e diretor artístico do grupo, Alejandro Ahmed, nove bailarinos e uma cadela apresentam uma coreografia que propõe questionamentos sobre comportamento e liberdade, formulada para que a resposta possa ser investigada pelo movimento dos corpos na dança.
No DVD de divulgação do espetáculo, os bailarinos posicionam-se em um ambiente com marcas no chão e seus movimentos estão sempre relacionados ao outro. Em três ou quatro movimentos exibidos no vídeo, um bailarino é o agressor e o outro, a vítima surpreendida pelo gesto abrupto. "Nós procuramos fazer com que as regras de relacionamentos entre os corpos façam com que eles reconheçam a natureza um do outro e, a partir daí, possam se modificar para poder lidar com essas diferenças. No fundo, a gente reconhece as regras para poder ser livre. Essa é a proposta", explica Ahmud.
Para o bailarino, a liberdade só pode ser apoiada em disciplina e regra dois elementos que podem ser interpretados pelo público como as condições necessárias para a convivência social. De pessoas e animais, diga-se. Em uma das cenas do vídeo, a cadela Nina, da raça Border Collie, sincroniza seu caminhar, de modo impressionante, com a coreografia de uma das dançarinas. Além deste trabalho com um cachorro, "pioneiro no Brasil", elementos como a trilha sonora, objetos de cena e pequenos robôs interagem com a movimentação dos corpos pelo cenário. Câmeras com controle remoto funcionam como uma extensão do olhos do espectador e dos bailarinos, "para de novo criar regras que nos façam agir de acordo com os parâmetros propostos na apresentação", diz o coreógrafo.
O espetáculo Skinnerbox estreou em março de 2005, em Berlim (onde o grupo desenvolveu residência) e em Florianópolis, como parte de um conjunto investigativo também formado por workshops e um relatório. O trabalho é considerado por Ahmed como o mais maduro da companhia, no sentido de que reúne escolhas estéticas que privilegiam a investigação com o corpo.
Serviço: Skinnerbox. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º). Direção artística e coreografia de Alejandro Ahmed. Com o Grupo Cena 11 Cia. de Dança. Dia 17, às 21 horas. Ingressos a R$20 e R$10 (meia).
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