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Sala forma cinéfilos no Alemão

Existe uma nova mania entre os moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro: assistir a filmes. Ver produções como Rio, de Carlos Saldanha, e Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, antes de estrear formalmente nos cinemas e com direito a presença de estrelas, também é recorrente na comunidade.

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Filo mostra que continuidade funciona

Com 43 anos de existência, o Festival Internacional de Londrina (Filo) traz ao público da cidade paranaense uma variedade grande de espetáculos e companhias, que vão desde grupos locais recém-formados até outros já reconhecidos no Brasil e no mundo, como os mineiros do Espanca! e o Mestre do Butô, dança fúnebre-expressionista japonesa, de Kazuo Ohno, que esteve no evento em 1992.

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Há hoje em Curitiba eventos cujo objetivo final é formar leitores, cinéfilos ou apaixonados por dança, artes visuais e música erudita. Possibilitar o contato entre um escritor e potenciais leitores ou fazer com que o maestro explique um pouco sobre Beethoven antes de começar a Sinfonia n.º 5 é válido. No entanto, é suficiente? É necessário "educar" o consumidor cultural, para que o entendimento de uma obra ou autor possibilite que ele continue lendo e visitando museus? Ou basta oferecer uma programação de qualidade para que os interessados se aproximem naturalmente da cultura? Para essas perguntas, não existe resposta única. Os entrevistados pela reportagem da Gazeta do Povo, profissionais cuja trajetória se confunde com a dedicação ao tema, dão algumas pistas do que é preciso – e possível – fazer.

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A experiência das professoras Clarice Miranda e Liana Justus, que ministram o curso Formação de Plateia em Música no Solar do Rosário e são autoras de sete livros sobre o assunto, prova que saber o mínimo sobre um concerto de música erudita, por exemplo, ajuda a pessoa a retornar ao teatro e ter percepções menos óbvias a respeito do que se ouve. "Começamos a perceber nos intervalos dos concertos muitas dúvidas das pessoas, que não sabiam o nome de determinado instrumento e nem o porquê de um músico entrar depois dos outros. Obter esse conhecimento dá mais segurança, e faz com que se desenvolva um ouvido mais refinado", diz Clarice.

Continuidade é a palavra-chave para criar um público cativo, acredita o maestro e professor Osvaldo Colarusso, que tem o hábito de fazer explicações antes de tocar como convidado em orquestras pelo país. "Em Curitiba, vejo que o problema é a falta de regularidade. Não existe na Orquestra Sinfônica nenhum contato com o público. A pessoa que senta na plateia e vê a Sinfonia n.º 4 de Bruckner sem nenhuma explicação não vai entender nada. Vai achar que trechos têm mais ou menos barulho e vai olhar no relógio a cada pouco". A opinião é compartilhada pela bailarina e coordenadora de Dança da Fundação Cultural de Curitiba, Eleonora Greca. "Formação de plateia é um projeto eterno. É preciso instigar, provocar as pessoas para que elas vejam um espetáculo de dança ou música erudita, e não criar guetos, onde uma pequena parcela se repete."

Para Colarusso, a formação não pode estar restrita a grupos privilegiados, mas chegar ao adolescente de 16 anos que está interessado em música clássica e pode conseguir materiais diversos na internet. "É nessa hora que um concerto didático faz diferença, já que se aproxima do entendimento desse jovem". Esse compromisso, crê a gerente-executiva do Sesc Paço da Liberdade, Celise Helena Niero, que trabalha na área cultural desde a década de 1990, depende diretamente da seriedade dos governos, tanto federal, estadual ou municipal, em organizar uma política onde a formação de plateia é ponto primordial. "As instituições devem pensar na pluralidade estética na hora de levar eventos ao público, preservando a produção e a circulação do bem cultural".

As professoras Clarice e Liana, que já ministraram cursos tanto para adolescentes na periferia de São Paulo quanto para executivos em Miami, consideram que desenvolver o senso crítico pode também fazer com que ocorra valorização de artistas brasileiros, que já são reconhecidos lá fora, por aqui. Liana cita exemplos como o Trio Madeira e o violonista Yamandu Costa, que se apresenta ainda neste mês em países como Portugal, França e Bélgica. "São artistas que não estão sendo aproveitados como deveriam no Brasil. Os estrangeiros é que acabam desfrutando."

Acesso

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Como sempre, a formação de uma plateia crítica e informada passa pela educação de base, tanto em casa como na escola – e esta última acaba assumindo uma grande responsabilidade, apesar de todas as outras demandas. No Museu Oscar Niemeyer, por exemplo, os 35 monitores estão comprometidos principalmente com o atendimento agendado de colégios, tanto públicos como privados. A coordenadora de museologia, acervo e conservação do MON, Suely Deschermayer, garante que o fato de um aluno conhecer o local e saber que ele existe, mesmo sem aprofundamento nas questões estéticas das artes visuais, ajuda a formar um novo público.

As crianças que vêm uma vez acabam trazendo os pais nos finais de semana. Mesmo assim, esse ainda não é, diz ela, o "mundo ideal". "Uma das nossas exposições em cartaz, a Brasiliana Itaú, é riquíssima, principalmente no âmbito histórico. Então, quem quer entender mesmo tem de vir ‘ene’ vezes. Não é em uma visita guiada que o espectador vai absorver aquele conhecimento para a sua vida. É como um filme com uma estética mais complexa. Temos de ver mais de uma vez e refletir."

Suely entende que o público também é responsável por instigar as instituições que visita, deixando de fazer um simples passeio pelo museu e passando a questionar mais o que está exposto. "Porém, é melhor que se tenha um contato mínimo com a arte do que nunca existir essa proximidade." Celise Niero também compartilha da ideia de que ter acesso ao bem cultural, seja em oficinas, em um projeto da escola ou em uma visita acidental, mesmo que não seja com o olhar tão apurado, já é válido. "É esse o ponto de partida para um enriquecimento cultural."

Já o maestro Osvaldo Colarusso opina que os espaços culturais pecam no desenvolvimento de programas diretamente ligados com escolas. "É mais a folia de pegar o ônibus e ter um dia diferente. Assim como na maioria das ações, não existe regularidade nessa visita e nessa discussão sobre arte. O fato de o estudante assistir uma vez à Orquestra Sinfônica ou ir a um museu não vai adiantar nada."

Meios

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Duas práticas parecem ser essenciais para que se alcance a formação de plateia: possibilitar uma programação atraente, com variedade de opções e aborgadem de diferentes estéticas e usar canais mais populares, como a rádio e a televisão. Esses são um dos caminhos para atrair ouvintes, visitantes e espectadores. Nos três programas de rádio sobre música erudita que o maestro Colarusso realiza na E-Paraná FM, há, segundo ele, um bom retorno do público, que tem entendido as concepções políticas e sociais impressas em uma sinfonia. "Me recuso a fazer ‘vitrolão’, que é tocar 40 minutos de Beethoven sem parar e pronto. Esse contexto ajuda a criar gosto pela música. Eu tive um pai muito culto, mas parte do meu gosto musical foi formado pela Rádio Eldorado. Como nem todo mundo tem um ambiente familiar assim, o maestro ou o artista é quem deve abrir esse caminho."

Interatividade

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As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor

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