No próximo dia 15 de novembro, será lançada, em DVD, uma edição especial comemorativa aos 40 anos de A Noviça Rebelde, musical ganhador de cinco Oscars, entre eles o de melhor filme, e uma das produções mais populares de toda a história do cinema. A celebração, no entanto, não será completa e terá um certo tom de melancolia. É que, na semana passada, morreu em Los Angeles, aos 91 anos, o diretor Robert Wise, responsável pela adaptação para a tela grande da peça criada pela dupla de compositores Richard Rodgers e Oscar Hammerstein.
Wise era, sobretudo, um homem que amava o cinema. Tanto que sua filmografia atravessa boa parte da trajetória de Hollywood no século 20. Em 1941, com apenas 27 anos, foi o responsável pela montagem de Cidadão Kane, considerado pela crítica mundial como o longa-metragem mais importante e influente da história. Pelo trabalho, recebeu a primeira de sete indicações ao Oscar. Ganhou ao todo quatro estatuetas: como diretor e produtor de A Noviça Rebelde (1965) e de Amor, Sublime Amor (1960), outro musical, este baseado no clássico de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim.
Tentar definir Wise como autor, contudo, não é tarefa fácil. Imortalizado como diretor de musicais antológicos, ele assinou pelo menos um grande filme dramático, Eu Quero Viver (1958), vigoroso libelo contra a pena de morte que deu o Oscar de melhor atriz a Susan Hayward por seu desempenho como uma mulher injustamente condenada à sentença máxima. Também tem no currículo três obras de ficção científica importantes: O Dia em Que a Terra Parou (1951), espécie de metáfora sobre a Guerra Fria que dividia o mundo à época; O Enigma de Andrômeda (1971), inteligente adaptação do romance de Michael Crichton (autor de O Parque dos Dinossauros); e Jornada nas Estrelas O Filme (1979), bem-sucedida transposição para o cinema da popularíssima série de televisão.
Wise, na verdade, era um cineasta à moda antiga. Da era em que os grandes estúdios viam os diretores como artífices mais do que exatamente como artistas, valorizando quem estivesse disponível para enfrentar qualquer empreitada, pouco importando se o projeto seria coerente ou não com o "conjunto da obra" do contratado.
Isso explica e bem por que o mesmo homem que editou marcos do chamado cinema autoral como Cidadão Kane (1941) e Soberba (1942), ambos de Orson Welles, teria assinado musicais, ficções científicas, filmes de guerra (O Mar É o Nosso Túmulo, estrelado por Burt Lancaster e Clark Gable em 1958) e westerns (Honra a um Homem Mau, protagonizado por James Cagney em 1956).
Não à toa Wise foi presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e do Sindicato dos Diretores da América, tamanho o seu prestígio. Como foi um criador sempre muito preocupado em atingir um público vasto, com obras de qualidade mas sem pretensões herméticas, o legado de Wise deve sobreviver ainda por muito tempo, graças a muitas edições comemorativas de seus filmes.
Filmografia básica
* O Dia em Que a Terra Parou (1951)
* Honra a um Homem Mau (1956)
* Eu Quero Viver (1958)
* O Mar É o Nosso Túmulo (1958)
* Amor, Sublime Amor West Side Story (1960)
* A Noviça Rebelde (1965)
* O Enigma de Andrômeda (1971)
* Jornada nas Estrelas O Filme (1979)
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