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Toda Sua
Paralela, 280 págs. Tradução de Alexandre Boide. R$ 29,90. Romance.
Para quem ainda não começou a ler a famosa trilogia Cinquenta Tons de Cinza, uma boa sugestão é seguir direto para o concorrente e grudar logo no livro de Sylvia Day. A fórmula é exatamente a mesma, mas, além de mais bem escrito, Toda Sua é menos ingênuo e um pouco mais realista que o estreante no mommy porn.
Exatamente como na trilogia que reabriu as portas para a literatura erótica para mulheres, a história de Toda Sua é focada em uma moça que acaba, por acaso, conhecendo um homem lindo, rico e incrivelmente atraente. Aliás, até o encontro é parecido. A primeira vez que Eva Tramell vê seu moreno alto, bonito e sensual, acontece logo depois de ela se estatelar no chão, exatamente como Anastasia Steele em "Cinquenta Tons de Cinza".
Além do encontro com um possessivo e estonteante homem elegante, a história das duas jovens se assemelha em muitos elementos. A nova protagonista também se mostra insegura e não se acha mulher à altura de Gideon Cross, que é o Christian Grey da vez. Assim, o casal e suas inúmeras diferenças passam o livro todo tentando fazer o relacionamento dar certo em um drama sem grandes vilões, suspense ou desafios na narrativa.
Mas Toda Sua tem bons pontos positivos e consegue ser mais apimentado. Para começar, Eva Tramell não é uma tapada. A virgem indefesa com 21 anos que nunca tinha nem se masturbado deu lugar a uma protagonista mais real, mais provocante, sexy e até desbocada. Isso faz toda a diferença nas cenas de sexo, já que a jovem de 24 anos é a responsável por toda a narrativa. Com descrições mais objetivas, sem medo de dizer palavrões ou dar nome ao que já tem nome, Eva faz o sexo convencional com Cross ser muito mais devasso do que as tentativas de Ana Steele de falar das relações BDSM (universo que engloba sadomasoquismo, dominação, submissão, disciplina e o uso de cordas para amarrar o parceiro durante a relação sexual) com o namorado.
Ou seja, nada de interjeições bobas como "uau", frases como "ele me tocou lá embaixo" ou de conversas bizarras com a "deusa interior" antes, durante ou depois dos encontros lascivos. A nova mocinha, que tem até um vibrador em casa, não tem problemas para dizer que gosta de sexo.
Outro ponto positivo é a revelação mais interessante e não tão afoita dos personagens, sinal de uma narrativa mais madura e mais bem construída. O que é de fácil explicação, já que a escritora americana Sylvia Day tem uma série de best-sellers no currículo.
De qualquer forma, vale a ressalva de que o texto é melhor, mas não um primor. Longe disso. Ainda assim, substituir a melhor amiga da protagonista, que sempre é linda, querida e perfeitinha, por um ex-viciado em drogas e bissexual mostra que é possível ser mais pé no chão e nem por isso retirar da trama ficcional toda a graça.
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