A morte na pele de uma bela senhorita

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Um esqueleto de capa preta empunhando uma enorme e afiada foice. Tal imagem da Morte, divulgada desde a Idade Média, habita o imaginário da maioria maciça da população mundial, com exceção dos leitores das histórias em quadrinhos do personagem Sandman, criadas pelo roteirista britânico Neil Gaiman no final da década de 80 e lidas por uma legião de fãs ao redor do mundo até os dias de hoje.

Irmã mais velha de Morpheus, o Mestre dos Sonhos, a Morte é uma garota jovem e simpática, que apesar do visual gótico, de maquiagens pesadas e roupas pretas, não tem nada de lúgubre ou sinistro. Assim como Morpheus, ela também integra a linhagem dos Perpétuos, família de sete integrantes que personificam ainda o Sonho, o Desejo, o Desespero, o Destino, o Delírio e a Destruição.

Sua primeira aparição deu-se em 1989, quando a personagem integrou a história "O Som de Suas Asas", de seu irmão, o melancólico Sonho. Cansada de ouvir as lamentações de Morpheus, ela surpreendeu os leitores da série ao revelar-se um contraponto para o humor difícil do irmão, citando Mary Poppins para tentar alegrá-lo. Desde então, quase todas as sagas de Sandman passaram a contar com aparições da Morte e ela tornou-se uma das personagens preferidas do imaginário de Gaiman.

Apesar do carisma da personagem, apenas duas histórias foram criadas por Gaiman tendo Morte como protagonista, ambas reunidas no álbum Morte, recentemente lançado no Brasil pela editora Conrad. Com uma edição caprichada, de capa dura e papel cuchê, o livro apresenta as minisséries "Morte – O Alto Preço da Vida" (1994) e "Morte – O Grande Momento da Vida" (1997), além da HQ informativa "A Morte Fala sobre a Vida" (1996), em que a personagem dá uma verdadeira aula sobre a importância do uso de preservativos.

Além das narrativas, que tratam da difícil função exercida pela garota, Morte conta ainda com uma introduções da cantora e compositora Tori Amos, bastante amiga do roteirista britânico, e da atriz Claire Danes, protagonista de Stardust, adaptação para o cinema da obra de Gaiman e Charles Vess. Encerrando o álbum, há uma galeria de imagens da Morte, ilustradas por nomes como Dave Mckean, Rick Berry, Bill Sienkiewics, Moebius, Greg Spalenka e Chris Bachalo.

Para os não muito chegados em quadrinhos, os direitos de "Morte – O Alto Preço da Vida" foram vendidos para o estúdio New Line, que vem negociando a produção do filme. O roteiro, escrito por Gaiman, que, possivelmente, será o diretor do longa-metragem, tem o título provisório de Death’s Day (Dia da Morte).