Coreógrafo
Gades nasceu na província de Alicante, Espanha. Em seguida, o pai mudou-se para Madri com a intenção de defender a República Espanhola como voluntário.
Mais tarde, toda a família se mudaria para a capital do país. Aos 11 anos, deixou a escola para trabalhar e assim ajudar os pais. Aos 15 anos, se inscreveu em uma academia de flamenco e, três meses depois, foi contratado para dançar em uma casa noturna. Ali, foi visto por Pilar Lopez, que o convidou para fazer parte de sua companhia, onde permaneceu por nove anos. Em 1961, fundou seu próprio corpo de baile. Trabalhou como coreógrafo e bailarino na Itália e, neste período, forjou um estilo personalíssimo.
Em 1968, dançou com Rudolf Nureyev no Scala, de Milão.
Em 1974, estreou Bodas de Sangue, em Roma. No ano seguinte, dissolveu a companhia, após saber que alguns de seus amigos foram mortos pelos franquistas. Só voltaria a dançar três anos depois, por incentivo do Ballet Nacional de Cuba.
Em 1982, transformou Bodas de Sangue em filme, com Carlos Saura. Os dois também filmariam Carmen, em 1983. Neste ano, Gades também estreou o balé Carmen.
Morreu em 2004, aos 67 anos, de câncer.
Carmen, a bela cigana infiel assassinada pelo amante, um oficial espanhol, foi imortalizada pela ópera de Georges Bizet, que estreou em 1875, em Paris. A origem da peça é a novela homônima de Prosper Mérimée, escrita 30 anos antes.
É curioso que esta espanhola, que tão bem caracteriza a dramaticidade de seu povo, seja uma invenção francesa. O país ibérico se apossaria definitivamente da personagem com a montagem do balé Carmen, criado em 1983 por Antonio Gades, que se tornou uma obra-prima da dança espanhola.
O espetáculo volta a ser apresentado no Brasil pela Companhia Antonio Gades, três anos após a morte de seu idealizador, como parte de um repertório formado também pelas montagens Suíte Flamenca e Bodas de Sangue. O grupo faz apresentações em sete capitais brasileiras, incluindo Curitiba, que recebe Carmen, hoje, às 21 horas, no Guairão.
Com a morte do responsável por trazer a voluntariosa cigana de volta à Espanha, a Companhia Antonio Gades criada pelo bailarino antes de sua morte passa a ser dirigida pela bailarina Stella Arauzo, sua parceira por 20 anos e que, desde 1988, é considerada inigualável como Carmen.
O espetáculo de balé flamenco nasceu quase simultaneamente à participação de Gades na versão cinematográfica inspirada na ópera de Bizet, dirigida por Carlos Saura, indicada ao Oscar em 1984. A trama do longa-metragem imprime toques de realidade à fantasia: Antonio interpretou ele mesmo, um diretor de uma companhia de balé que está trabalhando em uma montagem de Carmen. Ao encontrar a protagonista ideal (Laura del Sol), inicia com ela uma relação doentia que reproduz o libreto da ópera.
O êxito do filme animou Gades a realizar sua versão teatral, que estreou com igual sucesso de público e crítica, em Paris, somando-se a Bodas de Sangue e Suíte Flamenco.
A primeira nasceu das leituras clandestinas da obra de Federico García Lorca, nos anos 60 proibida de circular pelo regime franquista. Quase duas décadas depois, em 1982, Gades transportaria o espetáculo para o cinema, também em parceria com Carlos Saura. Já Suíte Flamenco surgiu bem antes, em 1968, a partir dos bailados com que o bailarino deu início a sua carreira. São oito números de dança flamenca tradicional sob uma ótica muito particular.
Em Carmen, a personagem é uma cigana que seduz o pacato oficial don Jose, noivo de Micaela. Para viverem juntos, ele é obrigado a abandonar sua carreira. Mas logo Carmen o abandona, desiludida por seu amor possessivo, e vai viver com um reconhecido toureiro, provocando o ódio do antigo companheiro.
Antonio Gades costumava dizer em entrevistas coletivas que Carmen foi uma mulher incompreendida pelo leitor puritano do século 19. "Ela não é frívola nem uma devoradora de homens, mas uma mulher honesta que quando amava dizia e quando deixava de amar, também. Ou seja, uma mulher livre."
O espetáculo encenado por 17 integrantes da nova companhia, tendo como primeiros bailarinos Stella Arauzo e Adrian Galia, foi apresentado em 2005 no Teatro Romano de Verona, na Itália, como ponto de partida para a primeira turnê após a morte de Gades, iniciada no ano passado. Além da dupla de protagonistas, Carmen conta ainda com a performance de cinco solistas que dançam ao som de música feita ao vivo por cantores e guitarristas.
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Serviço: Carmen. Guairão (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3304-7982. Dia 8 às 21h. R$140 (platéia), R$ 100 (1.º balcão), R$ 70 (2.º balcão). Desconto de 30% para portadores dos cartões do Clube do Assinante da Gazeta do Povo e do Teatro Guaíra, na compra de até dois ingressos. Meia-entrada para estudantes e idosos.
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