Paulo Moura foi um dos melhores músicos que o Brasil gerou. Tinha uma habilidade incomum para tocar, e conhecia a fundo teoria musical. Ele levou o nome do nosso país para muitas partes do mundo, e talvez tenha sido um dos nossos mais importantes embaixadores informais.
Tive o prazer de, não apenas ouvir e ver, mas de dividir o palco com ele, muitas vezes, inclusive aqui em Curitiba. Sabe, nós músicos geralmente não temos tempo para conversar. Mas a gente acaba se encontrando em palcos, e lembro de uma noite, ou melhor, uma madrugada inesquecível.
Acho que foi no porão do Wonka Bar. Foi lá sim. Alguém me disse que o Paulo Moura estava em Curitiba e que ele teria ido ao Wonka. Fui também, com o meu trumpete. E, após entrar no bar, descer as escadas, lá estava o Paulo Moura, com o seu clarinete.
O que falamos? Talvez, oi, tudo. Não mais que isso.
Nós, músicos, nos entendemos tocando. E, em poucos instantes, havia uma banda de apoio, e o Paulo Moura e eu começamos a improvisar.
Lembro que nós dois tocamos no palco de algum outro bar, mas não lembro o nome. Afinal, bares surgem, sobrevivem um tempo de glória, e logo fecham. É assim a história dos bares curitibanos, ainda mais os que abrem espaço para a música instrumental.
Em uma outra noite, em um passado remoto e distante, também dividi o palco e alguns minutos tocando ao lado do Paulo Moura. Foi como se o tempo tivesse parado. Tudo parou. O mundo parou para nós, que improvisamos por muitos minutos.
Músico não pode parar de estudar. Músico estuda até mais do que médico. Afinal, o músico que deixa de estudar, morre. Paulo Moura nunca parou de estudar em vida. A vida dele era a música. Penso nisso agora que ele se foi. Mas não quero crer que a morte tenha sido um ponto final. Paulo Moura fica pela música que ele sempre fez, e fica para gente que, como eu, teve a oportunidade de tocar com ele. Aqueles encontros foram inesquecíveis.
Acredito que toda pessoa que viu e escutou o Paulo Moura nunca vai esquecer dele, nem das músicas, muito menos do clima sonoro que ele criava. Ele tocava de um jeito que, para falar a verdade, nem tem como definir. Não se explica o som de um gênio com palavras. O som de um gênio, como ele foi, é para ser ouvido, absorvido, admirado.
Um minuto de silêncio para Paulo Moura? Ou seria melhor escutar músicas dele e assistir aos vídeos em que ele aparece fazendo um som que nunca se repetia, porque toda vez que ele pegava no instrumento, a música renascia, sempre diferente.
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