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Veja a programação completa do festival no Guia Gazeta do Povo
De hoje a domingo, Curitiba irá conhecer diversas manifestações do teatro de objetos, surgido nos anos 1980 na França. Naquele ano, em uma noitada entre artistas, um grupo elaborou algo como um manifesto da modalidade, que critica a sociedade de consumo com sua escolha por itens baratos e facilmente reconhecíveis. O Caderno G conversou com um dos artistas que estavam presentes naquela noite e que apresenta dois trabalhos no Festival Internacional de Objetos de Curitiba (Fito), que começa hoje às 14 horas no Museu Oscar Niemeyer. Veja trechos da conversa com Christian Carrignon:
VÍDEO: Assista a um trecho do Festival de Objetos
Como você começou a usar objetos no teatro?
Éramos bonequeiros, e pouco a pouco começamos a pegar objetos do dia a dia facilmente reconhecíveis: um animal de plástico, uma maçaneta de porta, coisas simples, sem serem transformadas.Isso criava um sentimento de reconhecimento entre o comediante e o público. É o teatro da intimidade.
Qual era a intenção original?
Nós começamos um pouco para satirizar a sociedade de consumo, que continua a existir, mas não é mais uma sociedade feliz. Nos damos conta de que não há saídas... talvez o teatro de objetos acabe com o fim da sociedade de consumo.
Acredita que isso esteja perto?
Gostaria que sim, mas acho que não.
Por que objetos?
Porque somos invadidos por objetos. Depois da guerra, em 1945, os objetos chegaram à Europa e as pessoas acharam que a felicidade era possuir muitas coisas. Só nos anos 1980 esse período chegou ao fim -- ali nos demos conta de que talvez a felicidade não fosse isso. Era um momento de crise.
Qual a diferença em relação ao teatro de bonecos?
Ambos fazem a transformação do espaço em metáfora. Os bonecos podem fazer isso, mas com o objeto isso é mais forte.
Quais são as características desse teatro?
Usamos objetos prontos. Podemos contar, por exemplo, uma história de amor entre um bule e uma xícara, que ganham vida. É um teatro que fica melhor em auditórios para 50 ou 100 pessoas no máximo, onde você tem a impressão de conhecer a todos. Há espetáculos só para uma pessoa é como um presente, o comediante conta histórias, e o público fica olhando para os objetos e ouve concentrado.
O Brasil parece um terreno fértil para esse tipo de teatro?
Tivemos 20 pessoas numa oficina com comediantes nesta semana, todos curiosos em saber como utilizar esse teatro em seu trabalho. Só gostaria de dizer que muita gente diz que o artista de objetos é um "marionetista preguiçoso", que "nem construiu sua própria marionete". Foi por isso que rejeitamos aquele outro teatro e demos nome ao que fazíamos. Não é que o inventamos, era herança dos dadaístas e surrealistas.
Cultura e Lazer | 2:36
De 25 a 27 de maio o Festival Internacional de Teatro de Objetos (FITO) vai transformar Curitiba em um grande palco. Sapatos, ferramentas, aspirinas, bules e outros objetos são protagonistas desse grande espetáculo.
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