CD
Recto Verso Zaz. Sony Music. R$ 25. Pop.
A voz é rouca, o visual é despojado, o repertório, tipicamente francês. Isabelle Geffroy, a Zaz, é uma das cantoras mais populares da França; internacionalmente talvez seja a mais conhecida de sua geração. Tem 33 anos e canta profissionalmente há pouco mais de dez. Seu primeiro álbum (Zaz) vendeu mais de 1 milhão de unidades e fez de seus shows os preferidos dos jovens franceses. O segundo álbum, Recto Verso, não impressiona muito na primeira audição. A voz é agradável e bem colocada, mas o repertório soa tradicional. Mas quanto mais se ouve Zaz mais se gosta do que ela faz. Como intérprete, ela é perfeita. O que parece faltar é mais ousadia na escolha do repertório.
Cantora influenciada pelo jazz, Zaz não precisa fazer estripulias vocais para ser convincente quanto apresenta um trabalho que vai do pop mais básico, com um quê de anos 1970, à tradicional chanson francesa. Como é característico de sua geração, interpreta canções (ela não compõe) que misturam influências vindas de várias partes do mundo, mas o que prevalece é aquela vertente da tradição francesa que valoriza a voz feminina delicada, quase sempre sussurrante. O que, no caso de Zaz, ganha um charme extra por conta do vibrato característico de sua voz.
Recto Verso abre com "On Ira", uma espécie de hino de celebração da vida que ela interpreta com emoção na medida certa. Passa por "Déterre", com uma pegada mais moderna e chega na surpreendente "Si Je Perds", em que ela adota a voz de um velho que fala em perder a memória e a razão e tranquiliza os filhos para não se culparem se forem abandoná-lo ("Eu não sei mais quem são vocês").
Na França, este segundo CD foi recebido com reservas, visto como muito conservador. Se houve muitos elogios, foi para a afinação de Zaz, para sua competente técnica vocal.
No Brasil, Recto Verso é uma oportunidade de conhecer seu trabalho, já que o primeiro álbum não foi lançado por aqui. Para quem não acompanha a tevê francesa (TV5, nos canais fechados), onde ela sempre aparece, a única oportunidade de ouvi-la havia sido em 2011, na trilha sonora de A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, na canção "Les Curs-Volants".
Vozes femininas
A França tem uma tradição de grandes cantoras, que se sucedem com o passar do tempo e das gerações. No momento, há vários nomes novos, ainda que o repertório não seja muito inovador. Fora Zaz, outras três cantoras que chamam a atenção saíram de um reality show musical (Star Academy). Nolwen Leroy (31 anos) é uma morena exuberante, que lembra Isabelle Adjani, e que investe no folk-pop. Olivia Ruiz (33 anos) é a estrela da chamada "nova chanson", e Elodie Frégé (31 anos), de visual classudo, faz uma música que lembra um pouco a bossa nova.
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