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A cena de Juliana Paes no telhado para recuperar uma pipa é uma cópia da versão com Sonia Braga | Alex Carvalho/TV Globo
A cena de Juliana Paes no telhado para recuperar uma pipa é uma cópia da versão com Sonia Braga| Foto: Alex Carvalho/TV Globo

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Gabriela3ª a 6ª, às 23h. TV Globo.

Lançada numa das faixas mais cobiçadas por quem faz novela na TV Globo, Gabriela – de Walcyr Carrasco dirigida por Mauro Mendonça Filho – não se transformou no sucesso esperado. Sua repercussão é limitada e a audiência, menor do que a de O Astro, que ocupou o horário no ano passado. A produção tem alguns ótimos atores – não se pode deixar de citar Antônio Fagundes, José Wilker, Ary Fontoura, Nélson Xavier, Chico Diaz, e há ainda muitos outros – e cenografia e figurino grandiosos. Está mais ou menos tudo lá: os coronéis, a sensualidade da personagem-título, a moral da época no interior da Bahia, as fofoqueiras reverberando essa moral, e, em contraposição, o espírito libertário de Malvina (Vanessa Giácomo). Essa versão de Gabriela, no entanto, é apenas correta. Se fosse uma trama original, seria pouco. Em se tratando de um remake, trata-se de um desperdício.

A ausência de ousadia está no todo e nos detalhes. A escalação de Juliana Paes para o papel principal é um sintoma. A atriz é aplicada e sua Gabriela não soa falsa. Mas também não emociona, o que poderia ter ocorrido com a aposta numa desconhecida. Há ainda quem tenha se inspirado na novela de 1975, de Walter Jorge Durst. É o caso de Marcelo Serrado, uma espécie de versão atualizada de Fúlvio Stefanini, o Tonico Bastos de então. A fotografia é bonita, mas, no geral, tão convencional que, na última semana, uma se­quência de colheita de cacau parecia uma propaganda institucional do governo da Bahia.

Chegaram ao cúmulo de repetir a cena de Gabriela subindo no telhado para recuperar uma pipa tal e qual na produção anterior. Mesmo se fiel à obra de Jorge Amado, a sequên­cia é icônica e faz parte da antologia das telenovelas. Repeti-la fez dela apenas um pastiche do original. É bom lembrar que remakes de novelas que o público tem na memória afetiva são válidos. Mas com um olho no passado – com a intenção de reavivar antigas emoções – e outro no futuro – com o firme empenho de reinaugurar o que ainda rende, enxergado por outros realizadores e de uma nova perspectiva. Sem isso, é melhor o YouTube, o Vale a Pena Ver de Novo ou o canal de tevê fechada Viva.

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