Diante da velocidade de informações disponíveis via internet, há quem acredite que a publicação mensal de uma revista em formato físico sobre música e cultura pop seja um investimento fadado ao fracasso. Afinal de contas, ler hoje uma matéria sobre um determinado CD lançado no início do mês passado, em tese, seria o mesmo que ler um jornal publicado há sete dias com o intuito de se interar das últimas notícias.
Este parece ser o grande desafio da edição brasileira da cultuada revista americana Rolling Stone, cuja primeira edição acaba de chegar às grandes livrarias do país, estampando a top Gisele Bündchen na capa. Se a missão de dar conta da rápida perecibilidade das notícias do mundo pop será vencida ou não, isso apenas o tempo poderá mostrar. Fato é que se depender apenas da alcunha Rolling Stone, a mais nova revista do mercado editorial brasileiro já tem sucesso garantido.
Fundada nos EUA em 1967, por Jann Wenner e Ralph J. Gleason, no auge da contracultura hippie, a RS chegou a ter uma versão brasileira nos anos 70 ao todo, foram 36 edições publicadas em formato tablóide, entre os meses de fevereiro de 1972 e janeiro de 1973. Mas a edição brazuca, surgida graças aos esforços de um físico nuclear inglês que, na época, adquiriu os direitos de publicação da RS no Brasil, durou pouco, pois era feita em um esquema quase pirata sem pagar os royalties devidos, a revista deixou de receber o material que era enviado pela matriz norte-americana e acabou sendo extinta.
Desde então, rumores de uma nova versão brasileira nunca deixaram de existir, fato que só foi concretizado a partir de negociações realizadas no ano passado. Editada por Ricardo F. Cruz (ex-editor da Revista da MTV), a RS nacional é publicada pela editora paulistana Spring, com periodicidade mensal e conta com uma tiragem inicial de 100 mil exemplares, distribuídos por todo o país e vendidos ao preço de R$ 8,90. O conteúdo cuja linha editorial privilegia a música, mas também engloba cultura, entretenimento, política, comportamento e consumo é metade traduzido da edição americana e metade produzido por uma equipe nacional de jornalistas e desenhistas gráficos brasileiros.
Entre os destaques da primeira edição, uma entrevista com o baixista da banda inglesa New Order, Peter Hook; um diário de bordo do grupo paulistano Cansei de Ser Sexy, em turnê pela Europa e EUA ao lado do trio curitibano Bonde do Rolê; e matérias de conteúdo político sobre a nova configuração do Congresso Nacional e sobre o PCC. Independente do ineditismo, a RS brasileira já chega ao mercado editorial nacional como uma das escassas opções direcionadas a um público não interessado em aprender receitas culinárias rápidas, perder peso sem deixar de comer ou saber das fofocas do mundo das insossas celebridades globais.
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