Uma mente à frente de seu tempo. É assim que grande parte das pessoas que conviveu com Anita Dimenstein Paciornik a descreve. Morta no último domingo, aos 82 anos, dona Anita, como era mais conhecida, foi uma das pioneiras na área das artes plásticas em Curitiba, tendo fundado, ao lado da amiga Ida Axelrud, a famosa galeria Ida & Anita, nos anos 1970.
Nascida no Recife, em uma família bastante ligada às artes, Anita morava em Curitiba há mais de 60 anos. Veio para a capital paranaense para se casar com Salmo G. Paciornik, falecido em 2003. "Ela vinha de uma família muito culta. Tinha parentes no Rio de Janeiro e sempre viveu em um mundo bem diferente do que era Curitiba. Daí veio sua visão aguçada para a arte", explica Liliana Cabral, proprietária da galeria ArteStil e amiga de dona Anita há 28 anos.
Na antiga matriz da fábrica Móveis Paciornik, situada à Rua Dr. Pedrosa, no Centro de Curitiba, Anita e Ida iniciaram, de forma despretensiosa, quase que caseira, as atividades da galeria Ida & Anita, que inicialmente revelava artistas paranaenses por meio de iniciativas como o chamado "consórcio de artes". "A pessoa pagava uma quantia por mês e, no fim de um trimestre, ganhava o direito de levar para casa uma pintura de um artista paranaense", conta o empresário e advogado Sidney Axelrud, 53 anos, filho de Ida Axelrud.
Do pequeno espaço na Dr. Pedrosa, a galeria cresceu e foi transferida para o Shopping Novo Batel, onde funcionou até a década de 1990, quando a saúde de dona Ida já não a permitia trabalhar. Nesse meio tempo, a Ida & Anita recebeu exposições de artistas de renome, como Juarez Machado, Cícero Dias, Alfredo Volpi e Manabu Mabe. "Foi a primeira galeria de arte de peso em Curitiba. Naquela época, a cidade não sabia o que era o mercado nacional de arte. Os grandes nomes da pintura brasileira nos foram apresentados por elas", conta Liliana.
"Lembro que minha mãe me fez investir uma comissão que eu havia recebido em um quadro. Eu nem sabia o que era, achei a pintura bem estranha, mas resolvi seguir o conselho dela. Era nada menos que uma obra de Manabu Mabe, que hoje em dia tem muito valor", conta Axelrud, dando um exemplo de como sua mãe, Ida, e sua amiga e sócia, dona Anita, sempre tiveram um senso apurado em relação às artes visuais.
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