O Museu Oscar Niemeyer (MON) recebe nesta semana o quadro "A Primeira Missa no Brasil", pintado por Victor Meirelles, em 1860. A obra nomeia a nova exposição do museu, que além do quadro restaurado pelo Museu Nacional de Belas Artes (com o patrocínio do BNDES), apresenta painéis fotográficos sobre todo o processo de restauração e de 12 desenhos produzidos por Meirelles, chamados de estudos preparatórios, que fundamentaram a execução da histórica obra.O quadro, reproduzido na maioria dos livros didáticos do país, foi baseado na carta que Pero Vaz de Caminha enviou a Dom Manuel, por sugestão de Manoel de Araújo Porto Alegre, logo após o descobrimento do país. "A Primeira Missa no Brasil" foi pintado em Paris e foi a primeira obra de um artista brasileiro aceita no Salão Francês. Após participar da exposição em Paris, o quadro foi um dos escolhidos para representar o Brasil na Exposição Universal da Filadélfia, em 1876.
Com o objetivo de contextualizar a produção e o restauro dessa grande obra, a exposição que chega ao MON está dividida em três segmentos, tendo como núcleo central a exibição do quadro recuperado. Os outros dois segmentos apresentam painéis fotográficos coloridos que mostram todas as etapas do processo de restauração e a parte histórica com um resumo sobre "como foi pintada a obra". "Naquela época, geralmente, os artistas começavam as suas obras pelos desenhos. Faziam os estudos preparatórios e somente depois é que começavam a pintar", explica no material de divulgação da exposição, Pedro Xexéo, o curador da mostra. Restauro "A Primeira Missa no Brasil", já passou por vários processos de restauração. Para a última restauração do quadro, a equipe do Museu Nacional de Belas Artes contou com o apoio do Laboratório de Instrumentação Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que identificou a paleta usada pelo pintor através da fluorescência de raios X e registrou a alteração das dimensões da obra e os danos de suporte através da radiografia digital. O trabalho de restauração teve início em 2006 e foi concluído há cerca de um mês. Além dos exames, e antes de qualquer intervenção, "A Primeira Missa" foi dividida em 108 quadrantes para facilitar a localização dos dados. As fotos foram feitas com luz natural, tangencial, ultravioleta e infravermelho. Os exames prévios permitiram o mapeamento dos rasgos, perdas de suporte, enxertos, perdas de pintura, extensão dos emassamentos e repinturas. "Apesar de nenhum documento relatar alterações nas medidas da obra, a radiografia mostra que em volta da pintura há uma faixa de cerca de oito centímetros, sem fundo de preparação", explica Xexéo. A pesquisa documental indicou também que a tela deve ter sido molhada no porão do navio que a trouxe de volta ao Brasil após a exposição na Filadélfia. O relatório da chegada, assinado pelo restaurador Vasco Mariz e pelo próprio Victor Meirelles, diz que um terço do quadro estava danificado: havia um furo no centro, a pintura estava mofada e a tela enfraquecida. Em 1921, uma comissão avaliou o estado da obra que seria o destaque da Exposição Universal, comemorativa do centenário da Independência, no Rio de Janeiro. A equipe se decidiu por uma completa e perfeita reentelação, devido às péssimas condições em que estava. Quarenta anos depois, em 1969, o professor Edson Motta fez um novo restauro. Em 2000, a obra foi retirada do circuito de exposição do MNBA (Museu Nacional de Belas Artes) devido ao seu estado precário. No ano passado, com o patrocínio do BNDES, "A Primeira Missa No Brasil" começou a ser restaurada e, finalmente, é devolvida ao público.
A obra poderá ser vista a partir da sexta-feira (3), até o mês de outubro. Confira as outras exposições em cartaz no Guias e Roteiros
Serviço: Exposição: A Primeira Missa no Brasil. Abertura para convidados na quinta-feira (2); período para visitação pública a partir de sexta-feira (3) de terça a domingo das 10h às 18 horas. Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico) Tel.: (41) 3350-4400. R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes (não pagam crianças de até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental) Até 14 de outubro.
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