“Valorizo os músicos das cidades onde me apresento. Aqui em Curitiba, cidade que tem músicos brilhantes, é o maior prazer fazer um show", Derico Sciotti, saxofonista e flautista| Foto: Priscilla Fiedler / Divulgação

A bota ortopédica na perna esquerda só impede Derico Sciotti de vestir, por exemplo, uma calça de linho. Fora isso, tudo segue bem, em meio à bem-aventurança. Ele sorri, despeja alguns mililitros de cerveja alemã dentro de um copo de vidro refrigerado. "Estou até mais magro", conta, sem dizer quantos quilos perdeu em tempos recentes. O músico machucou a perna jogando tênis, um hobbie que o ajuda a manter a silhueta elegante.

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Derico atende uma ligação no telefone celular. Desde a noite da última quarta-feira (7), ele está em Curitiba, hospedado em um quarto do Slaviero Conceptual Full Jazz. Fez uma apresentação na noite de ontem. Repete a dose hoje, acompanhado por alguns dos músicos mais renomados da cena curitibana: Endrigo Bettega (bateria), Jeff Sabbag (teclado) e Mario Conde (guitarra). O baixista gaúcho radicado em Florianópolis Guinha Ramires completa a formação do quarteto de apoio ao saxofonista e flautista.

Além de Curitiba, em outras cinco grandes cidades brasileiras (Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Salvador e Brasília), Derico costuma se apresentar acompanhado por músicos locais, na avaliação dele, "de alto nível". Ter essa possibilidade ajuda, "e muito", pois basta ele, às vezes acompanhado da esposa, se deslocar (o que diminui consideravelmente os custos da apresentação). Por telefone, Derico acerta o cachê para tocar em uma outra capital brasileira. Diz tchau e desliga o telefone. Bebe o primeiro gole de cerveja.

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Derico, 44 anos, faz parte da banda dos programas de Jô Soares, em diferentes canais de televisão, desde 1989. Ou seja: são 21 anos de visibilidade em rede nacional. Atualmente, o Programa do Jô, exibido no início das madrugadas pela RPCTV, é gravado nas segundas e terças-feiras, das 17 às 22 horas. No resto da semana, de quarta-feira a domingo, ele tem todo o tempo livre, e aproveita. Viaja o Brasil se apresentando.

O músico pensa, olha para cima, bebe mais um gole de cerveja e não lembra quantas vezes já esteve na capital paranaense. Ele tem parentes aqui. Já dividiu palcos com bandas e músicos. Em determinado momento, teve um projeto: morar em Curitiba. "Por causa da qualidade de vida", diz. Procurou casas na Avenida Cândido Hartmann. Mas optou por viver em Indaiatuba (SP). "Somente loucos vivem em São Paulo, na capital. Aquilo é caótico", define.

Outro gole de cerveja, e Derico conta que o "cargo", que ganhou de Jô Soares, o de assessor para assuntos aleatórios, surgiu espontaneamente. Ele explica que o Jô rola a bola, ou seja, solta um assunto, e ele chuta ou, com mais precisão, improvisa. Recentemente, Derico passou a ser solicitado para informar DDD’s. Em um programa, Jô Soares queria saber qual código seria necessário para telefonar para uma cidade. No mesmo instante, Derico, que sabia, se pronunciou. Desde então, isso se repete com alguma frequência, se o apresentador pergunta, por exemplo, qual o código de Curitiba, Derico, sem hesitar, diz que é 41.

Essa verve humorística, que ele tornou pública durante duas décadas ao lado de Jô Soares, é requistada até nas apresentações musicais. Em Curitiba, o show é de jazz, de música instrumental, mas o público também espera por brincadeiras. E Derico não decepeciona. Se tem algum careca, como ele, na plateia, o músico já tem um ponto de partida para alguma intervenção bem humorada.

Durante a entrevista, realizada na tarde da última quinta-feira (8), no deck do Slaviero Full Jazz Bar, diversos curitibanos que passavam pela Rua Silveira Peixoto cumprimentaram o músico. Ele conta que toda vez que vai passear, pelo menos 50 pessoas pedem para tirar foto ou contam, para ele, alguma piada. Derico diz não se irritar com o assédio. "Afinal, faz parte. Toda noite, entro na casa das pessoas. Então, é natural muita gente pensar que eu sou um amigo íntimo. Procuro dar atenção e tratar bem todas elas", garante.

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Derico só não disse que bebida tem dentro da caneca do Jô Soares, mas não economizou elogios aos músicos e ao público curitibano. "É um prazer dividir o palco com gente talentosa e tocar para uma plateia inteligente", afirma, antes de beber o último gole de cerveja.

Serviço:

Derico Sciotti. Slaviero Full Jazz Bar (R. Silveira Peixoto, 1.297). Hoje, às 22 horas. Ingressos a R$ 50. É necessário fazer reservas, pois a capacidade do bar é para 60 pessoas (sentadas). Mais informações, pelo telefone (41) 3312-7000.