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Júlia Lemmertz interpreta a rainha escocesa, rival de Elizabeth I (Clarice Niskier) | Rubens Cerqueira
Júlia Lemmertz interpreta a rainha escocesa, rival de Elizabeth I (Clarice Niskier)| Foto: Rubens Cerqueira

Serviço

Maria StuartQuando: Dias 24 e 25 de março, às 21hQuanto: R$ 40. Estudantes e pessoas maiores de 60 anos pagam meia-entradaOnde: Teatro Positivo - Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – Campo Comprido. Telefone: (41) 3317-3107)Veja o serviço completo no site Guias e roteiros RPC

Em tempos de desconstrução, a integralidade pode ser considerada um radicalismo? A montagem de Maria Stuart que estreia hoje, às 21 horas, no Teatro Positivo, faz uma abordagem convencional da peça oitocentista, na qual o poeta alemão Friedrich Schiller imaginou o nunca ocorrido encontro entre as rainhas Elizabeth I, da Inglaterra, e Maria Stuart, da Escócia. A tradução de Manoel Bandeira é encenada na íntegra, com grande elenco, diferentemente do que se viu em Rainhas[(s)] – Duas Atrizes em Busca de Um Coração, espetáculo de Cibele Forjaz que abriu o Festival de Curitiba.

Imperava, naquele, a tendência contemporânea à desintegração do texto clássico, ao qual se acrescentam camadas que expõem o ato de encenar e atualizam as discussões originais. O diretor Antônio Gilberto, em companhia das protagonistas Júlia Lemmertz e Clarice Niskier (A Alma Imoral), optaram, por sua vez, pela fidelidade. "Fazemos a peça como é", diz a atriz casada com Alexandre Borges, "com muito radicalismo".

O que chama de "radicalismo" é essa investida na contramão dos caminhos mais recentes do teatro, em busca de reviver sua riqueza poética perdida. "Montamos esse clássico justamente pela poesia do Manoel Bandeira", explica Júlia. "Nossa vontade é falar esse texto bonito e poético numa época em que é muito mais fácil trazer para a realidade contemporânea e tirar a poesia de um texto do que encarar essa poesia e fazê-la da forma mais sincera."

Maria Stuart (1542-1587) tornou-se rainha da Escócia ainda recém-nascida, em consequência da morte de seu pai, Jaime V. Casou-se com um príncipe francês, assegurando a aliança entre os seus países. Já viúva, retornou ao solo escocês e se viu ameaçada de prisão, o que a levou a pedir a proteção de sua prima Elizabeth, soberana da Inglaterra, que, em vez disso, a aprisionou por duas décadas. Nesse período, continuou a exercer influência sobre os católicos, sendo considerada uma ameaça ao trono ocupado pela rival.

A recriação histórica traz à tona uma discussão sobre o poder e a liberdade: Até que ponto se tem o direito de subjulgar o outro à sua vontade por se estar no poder? E até que ponto é certo se submeter, abrindo mão da própria dignidade, em prol da liberdade?

"Schiller propõe um único encontro das duas, que é o clímax da peça. Tudo o que vem antes e depois é uma preparação para aquele encontro fictício. Ele faz com que as duas fiquem muito claramente expostas uma para a outra, em suas diferenças e complementaridades. Maria acaba assinando sua sentença de morte ali. Ela chuta o balde: clemência o caramba!", diz Júlia, que nunca havia contracenado com Clarice Niskier e faz sua primeira parceria com o diretor Antônio Gilberto neste projeto.

A atriz relaciona os jogos de poder e intolerância entre católicos e protestantes, que provocaram o embate entre as duas rainhas, à infindável disputa religiosa entre palestinos e judeus. "Tudo se repete: as relações de poder, os conchavos. A salva-guarda está na ambiguidade – é uma frase padrão da peça, dita por Elizabeth. Você não se compromete. O poder continua sendo assim." Esta é sua atualidade.

Serviço

Maria Stuart. Teatro Positivo (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dias 25 e 26, às 21 horas. R$ 40 e R$ 20.

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