Ter Beatles como referência musical básica foi o principal motivo pelo qual a banda gaúcha Cachorro Grande foi escolhida para abrir os quatro shows que os britânicos do Oasis fazem no Brasil. Essa é uma das explicações de Beto Bruno, vocalista do grupo, que se diz realizado. "Oasis e Supergrass são minhas bandas prediletas em atividade", diz. Os gaúchos já dividiram o palco com o Supergrass em 2006, no Campari Rock. E desde ontem, no Rio, até Porto Alegre (dia 12) passando por Curitiba no domingo , tocam em companhia dos irmãos Gallagher.
"Os produtores entraram em contato com um fã-clube brasileiro do Oasis e fizeram uma enquete para saber qual banda de abertura os agradaria mais. Aí, num belo dia, nos ligaram avisando que abriríamos os shows aqui", diz Bruno. "Queriam nos levar também para a turnê no Chile e na Argentina", completa o músico.
Os gaúchos ainda não tiveram nenhum tipo de contato com os britânicos. E parece que nesse momento os lados se invertem, já que, dessa vez, Bruno será fã mesmo sobre um palco.
"Não sei se vai rolar esse contato. A gente espera poder conversar com eles em algum momento. Eu sou fã doente, mas não quero parecer tanto lá na hora", diz o músico, que deve se contentar só em observá-los à (uma pequena) distância. "Meu Deus, vai ser sensacional! Acho que esses shows irão botar nossa carreira em outro patamar. É a fase mais importante para nós", comenta, extasiado.
Ao que tudo indica, Liam e Noel Gallagher ouviram as músicas do Cachorro Grande. O rock sessentista, cru e com altas doses de influência do quarteto de Liverpool algo quase divino para o Oasis deve ter contagiado os irmãos. "Isso acaba, de certa forma, unindo a gente. Eles estão nos palcos por causa dos Beatles e a gente também", explica Bruno.
A Cachorro Grande parece ter conquistado os ouvidos dos produtores e dos próprios músicos, que, como conta Bruno, saíram em defesa dos gaúchos. "A produção nos disse que os caras são bem rigorosos com bandas de abertura. Eles ouviram nosso som mesmo. No Rio, tentaram colocar outra banda e eles disseram não", explica o vocalista da banda, que está prestes a lançar Cinema, quinto disco de estúdio.
As semelhanças podem estar mais nas referências musicais e menos na postura no palco e na importância histórica das bandas. Mas há hábitos que traçam uma linha direta entre Manchester e Porto Alegre. "Não sei se vamos sair com eles depois ou conversar. Mas uma coisa é certa: eles bebem bastante e nós também".
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