Compositora
Saiba mais sobre a vencedora dos Grammy de artista revelação e melhor performance vocal pop feminina:
Cover
No CD 19, Adele gravou, entre suas próprias composições, o cover de"Make You Feel My Love", de Bob Dylan.
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Aos jornais britânicos, contou que prepara o seu segundo CD. Mas, sem tempo para muita coisa além de trabalho (consequência do sucesso), falta-lhe inspiração. "Eu não quero escrever sobre trabalho! Eu só não tenho tempo para dores de amor no momento. Talvez eu possa sair com o Justin Timberlake e ele possa partir meu coração. Estou disposta!", brincou.
Uma inglesa de belos olhos claros e voz excepcional, que não condizia com seus parcos 19 anos, impressionou a crítica britânica em 2008, com um disco coeso, de surpreendente maturidade musical.
Conquistou uma legião de fãs entre os britânicos, primeiro, até que os americanos cedessem também a seus encantos. O golpe final veio na cerimônia do Grammy, em Los Angeles, no último domingo (8), da qual Adele saiu carregando os gramofones de melhor performance vocal pop feminina e, o mais significativo, artista revelação.
Fez bonito em um vestido preto, que valorizava o corpo resistente aos rígidos padrões ditados pela indústria do entretenimento, ao lado de outra cantora de formas avantajadas. Jennifer Hudson emocionou a plateia ao receber o prêmio de melhor álbum de R&B, em sua primeira aparição pública depois de uma tragédia familiar a mãe, o irmão e o sobrinho foram assassinados no ano passado. Adele também demonstrou emoção grata surpresa ao vencer (merecidamente) a conterrânea Duffy como melhor novidade da música.
A premiação há de ser o estímulo que faltava para que o seu disco de estreia,19, seja enfim lançado no Brasil pela Sony BMG.
Sucessora
Quem ouve canções de tonalidade retrô, como "Best for Last" ou "Right as a Rain", não poderia deixar de pensar: Adele Laurie Blue Adkins, seu nome completo, é a (tão buscada) sucessora de Amy Winehouse. A comparação, inevitável de início, logo deixa de ter importância.
Sim, Adele é confessamente influenciada por divas do jazz e do soul como Ella Fitzgerald e Etta Jones conheceu-as por acaso, quando procurava em uma loja de discos um novo estilo de corte de cabelo. Além disso, estudou no mesmo instituto, o Brit School, que formou musicalmente Amy, Lily Allen (leia mais na página 3), Kate Nash e Imogen Heap. Suas composições, contudo, têm outro peso emocional nem virulento, nem irônico. Inspiram certa ternura, porque afetuosas, sem excessos de glicose.
As 12 músicas do disco foram escritas em uma fase, entre os 18 e 19 anos, em que a cantora nutria uma paixão não-correspondida. É disso que trata "Best for Last", por exemplo: "What am I supposed to do/ To make you want me properly?" ("O que eu devo fazer/ para que você me queira apropriadamente?). Ela mesma descreve seu som como "the heartbroken soul". De partir o coração.
O single "Chasing Pavements", que lhe rendeu o prêmio de melhor performance vocal feminina, avança de um início em suaves tons melancólicos para um refrão intenso, sobre desistir ou insistir. Irresistível cantar junto. É uma excelente escolha como música de trabalho, ainda que não se possa dizer com certeza se é a melhor faixa do disco. Não há uma apenas, nesse registro cativante da primeira à última nota.
Do violão a embalar de leve a faixa de abertura, "Daydreams", enquanto os agudos de Adele se revelam cada vez mais arrepiantes; ao piano inquieto e soturno de "Hometown Glory", que fecha o CD; passando pelos violinos dramáticos que contrastam com a batida mais acelerada da quase dançante "Could Shoulder".
A versatilidade vocal, potencializada pela criatividade da cantora, que se serve de vibratos e variações de intensidade, salta aos ouvidos em "Crazy for You". E colore e difere cada canção desse disco que é um dos melhores lançamentos do ano passado e não deve demorar mais a chegar ao país. GGGG1/2
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