Nas Prateleiras
Rosa Gravado em 2006, Rosa apresenta a cantora, compositora e violonista baiana em 15 faixas gravadas somente com voz e violão, tocado por ela própria. Inclui as canções "Eu não Existo sem Você", "Não Sei o Que Acontece" e "Demasiado Blue".
Homenagem Em 2004 a cantora lançou o disco Amorosa, um carinhoso tributo ao álbum Amoroso (1977), de João Gilberto. Rosa reuniu composições de Tom Jobim, Ronaldo Boscoli e Chico Buarque, entre outros. Estão presentes sucessos como "O Pato", "Lobo Bobo" e "Eu Sambo Mesmo".
Obrigado, Brasil Rosa Passos participa do celebrado CD Obrigado, Brasil (2003), projeto encabeçado pelo violoncelista americano Yo-Yo Ma. Duas músicas de Tom Jobim foram gravadas pela cantora: "Chega de Saudade" e "Amor em Paz". A baiana ainda integrou a turnê mundial do álbum, que passou pelos mais importantes teatros do mundo.
A precisão e elegância de sua interpretação a levaram a ser considerada a "João Gilberto de saias", pelos críticos brasileiros. No exterior, sua voz é comparada a grandes ícones do jazz, como Ella Fitzerald e Nancy Wilson. Mas a cantora e compositora baiana Rosa Passos vai além dos rótulos. "Eu faço música brasileira de qualidade, de conotação jazzista, mas sem perder o suingue e a brasilidade", explica a artista em entrevista ao Caderno G.
Na curta temporada que fará no próximo fim de semana no Teatro da Caixa, em Curitiba, o público vai poder conferir as múltiplas faces da artista que arranca elogios por onde quer que passe.
Com uma carreira muito bem resolvida no exterior que inclui longas turnês nos Estados Unidos, Europa e Ásia , Rosa decidiu que este ano se dedicaria ao Brasil. "Queria chegar e dizer Boa noite, Brasil, a baiana está aqui para cantar para vocês. Por muito tempo eu tenho dito Good evening, Im very happy to be here, ou Buenas noches", explica a cantora, entre risos.
Rodeada por música desde sua infância em Salvador, onde começou a estudar piano, foi com João Gilberto e a bossa nova que Rosa teve certeza de qual caminho iria seguir. "Minha irmã mais velha foi assistir ao filme Orfeu do Carnaval [1959], e voltou com o compacto duplo da trilha, com músicas cantadas pelo João. Quando ela botou para tocar na vitrola, eu pirei. Parei e disse: O quê que é isso? Que som é esse? Esse casamento de voz e violão, a sutileza, toda uma coisa tão perfeita que eu fiquei fascinada". Rosa tinha 11 anos na época, e foi a partir desse encontro que o piano foi trocado pelo violão.
Ao lado de João Gilberto, a cantora coloca outro nome brasileiro em seu pedestal: o de Elis Regina. "Quando me perguntam quais são as minhas cantoras brasileiras prediletas, eu sempre digo Elis, Elis e Elis", conta Rosa, que gravará um DVD em homenagem à "Pimentinha" no mês de setembro, ao lado da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo, no Memorial da América Latina.
A bossa nova serviu como ponto de partida, mas ao longo dos quase 30 anos de carreira e 13 álbuns (15, somados a duas compilações), a artista percorreu gêneros como o samba-canção, boleros e baladas, sempre com um toque jazzista bastante pessoal.
Com um controle absoluto sobre a emissão vocal, a interpretação precisa e quase minimalista de Rosa chamou a atenção do circuito internacional de jazz, incluindo o músico americano Yo-Yo Ma, considerado o melhor violoncelista do mundo.
"Yo-Yo foi o meu padrinho", conta Rosa, que foi chamada pelo músico para participar do projeto Obrigado, Brasil (2003) e integrar a turnê mundial. "Foi uma surpresa tão agradável. Eu já era fã de Yo-Yo e fiquei em contato com ele pelos melhores teatros do mundo. Aprendi muito: ele é a humildade em pessoa", revela.
A turnê com o violoncelista abriu definitivamente as portas dos Estados Unidos para a cantora baiana, que já havia sido apresentada ao público americano pelo baixista Ron Carter, com quem gravou em 2002 o CD Entre Amigos, seu primeiro trabalho com uma banda de músicos americanos.
A mesma precisão cirúrgica com que interpreta Rosa dedica à composição. "Eu sou muito ritualesca nas minhas coisas. Tenho um sistema que chega a ser quase militar comigo mesma. Acho que não adianta ter só talento, tem de ter disciplina. A música é uma coisa muito séria para mim", afirma a artista, que quando decide compor, tem um lugar específico no quarto, perto da cama, e sempre pelas manhãs. "E eu acho que isso funciona", ressalta, entre risos.
Ao contrário da maior parte dos músicos, que costumam enviar as melodias aos parceiros, Rosa segue o caminho inverso. "Normalmente eu trabalho em cima da letra. Só o título da poesia já me diz se vai ser um samba, uma bossa, um bolero... Eu sou muito meticulosa nisso."
Cada uma das músicas que escolheu para o show em Curitiba basicamente o mesmo do exterior tem sua razão de ser. Rosa partiu de canções de toda a sua carreira, para costurar uma apresentação delicada, onde as músicas se relacionam entre si.
Os músicos que participam do show já trabalham com a cantora há nove anos. "Ao longo da apresentação, fazemos variações para dar dinâmica, com começo, meio e fim", explica. A intimidade com a banda permite também a desconstrução das melodias e espaço para as improvisações características do jazz. "Tem uma coisa de sentimento e de história", finaliza.
* * * * *
Serviço: Rosa Passos. Show com a cantora e compositora. Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro). Dias 6, 7, 8 e 9 de setembro. Quinta a sábado, às 21 horas; domingo às 19 horas. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (comerciários, estudantes e maiores de 65 anos).
Deixe sua opinião