São Paulo Se já não fosse perceptível apenas pelo noticiário, a tomada de consciência de parte significativa da sociedade norte-americana em relação às ações do governo Bush no Oriente Médio poderia ser detectada graças ao cinema que, por seus prazos dilatados de produção, tende a refletir com certo atraso sentimentos que se encontram há muito tempo nas ruas.
Filmes como Leões e Cordeiros, de Robert Redford, que entra em cartaz hoje (9), e No Vale das Sombras, de Paul Haggis, com estréia prevista para o dia 23, demonstram não só o grau de mobilização de profissionais da indústria cinematográfica em torno dos erros da política externa norte-americana mas também, e não menos importante, a idéia de que o grande público do mercado interno estaria pronto a ouvir esse tipo de discurso. O que talvez cale fundo por lá, mas não necessariamente encontre a mesma acolhida fora dos EUA.
Leões e Cordeiros ilustra bem as implicações políticas de filmes norte-americanos que, ao lavar a roupa suja de casa, se dirigem prioritariamente a um público inserido no mesmo cenário e que entende a ficção como algo a respeito de "todos nós. Aqui no Brasil, são vistos muitas vezes como um problema "deles.
Para amplificar o efeito, Redford adota o tom professoral de sermão, com uma didática envelhecida que, enfraquecida pelo esquematismo, quase corre o risco de ser contraproducente. A responsabilidade deve ser dividida, na pior das hipóteses, com o roteirista Matthew Michael Carnaham, que assina o ainda inédito O Reino.
Três ações paralelas se desenvolvem durante poucas horas. Em Washington, um ambicioso senador republicano (Tom Cruise) concede entrevista a uma repórter veterana (Meryl Streep) e parece disposto a lhe contar um segredo de Estado. No Afeganistão, um grupo de soldados executa missão perigosa. E, na Califórnia, um professor (Redford) procura convencer um aluno talentoso, mas desinteressado de suas aulas, a se dedicar mais ao curso e, no futuro, à vida pública.
As conexões entre os núcleos se revelam à medida que as histórias se mostram braços de uma única história e, por extensão, da História, com "h maiúsculo. As intenções podem ser as melhores, mas a execução não faz jus a elas.
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