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Artista chega a trabalhar por três meses em certas obras que produz em seu ateliê, em Teresópolis, e na sua residência, em Paris | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Artista chega a trabalhar por três meses em certas obras que produz em seu ateliê, em Teresópolis, e na sua residência, em Paris| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Mostra

Gonçalo Ivo

Simões de Assis Galeria de Arte (Al. Pres. Taunay, 130 – Batel), (41) 3232-2315. Hoje, às 20 horas. Visitação de 2ª a sáb. das 10 às 19 horas. Entrada franca. Até 10 de outubro.

Lançamento do livro Oratório, de Gonçalo Ivo. Editora Contracapa. R$ 140.

Pintura requer foco. Senão, é impossível se relacionar com uma arte tão abrangente, tanto na técnica como no tempo. É essa a filosofia que segue o artista plástico Gonçalo Ivo, que abre exposição individual hoje na Simões de Assis Galeria de Arte, com 30 obras e seis objetos em madeira – todos produzidos nos últimos dois anos, exclusivamente para a mostra, num conjunto de três diferentes séries. Nascido no Rio de Janeiro em 1958, filho do poeta e escritor alagoano Lêdo Ivo, o artista teve contato com a pintura desde cedo, por conta de alguns trabalhos colecionados pelo pai, e pediu para acessar tintas e pincéis logo cedo, aos 6 anos.

Na adolescência, frequentou o ateliê de vários artistas, mas acabou se formando em Arquitetura e Urbanismo, uma exigência do pai, "que estava certo", diz o artista. Simultaneamente, estudou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde aprendeu desenho com Aluísio Carvão (1920-2001) e desenho com Sérgio Campos Mello. "O Aluísio era neoconcreto, e o Sérgio expressionista. Uni essas duas vertentes, que estão presentes no meu trabalho", contou o artista para a reportagem, enquanto checava a montagem da mostra.

Além de acordar cedo, por volta das três e meia da manhã, para trabalhar nos seus ateliês – ele se divide há 13 anos entre Paris e um sítio na serra de Teresópolis, no Rio de Janeiro –, Ivo também gosta de planejar sua produção. Não anda sem um caderno de anotações e lápis, já que gosta de registrar as ideias que surgem espontaneamente, além de desenhar esboços. "Não dá para errar ao se deparar com um quadro desses", salientou, apontando uma de suas pinturas, uma grande tela de 2 metros por 2 metros. Em algumas obras, chega a trabalhar três meses, ininterruptamente, sempre ouvindo música erudita, sobretudo a do período barroco.

Recentemente, antes de expor em Curitiba, Ivo teve algumas de suas obras exibidas na Galeria Boulakia, uma das mais importantes de Paris, que realiza mostras de artistas do calibre de Pablo Picasso.

Estilo

Gonçalo Ivo nunca havia pensado em viver fora do país, quando foi convidado para expor na Suíça. Resolveu aproveitar a oportunidade para tirar um ano sabático na Europa, conheceu alguns marchands e conseguiu uma boa aceitação internacional, por conta, principalmente, de seu estilo, livre de elementos caricatos. Estudou pintura na Holanda, em pleno inverno, na companhia da sua esposa Denise (são casados há 26 anos), e teve de ouvir de agentes que conferiram seu passaporte que ele era "maluco" de estar lá estudando, enquanto poderia estar no "maravilhoso sol brasileiro."

Livro

Na abertura da exposição, o artista lança também o livro Oratório (Editora Contracapa), com obras da série homônima, e também das produções nomeadas Fuga e Lamento, elaboradas recentemente pelo artista. A publicação traz ainda textos críticos de Edgar Lyra, Luiz Eduardo Meura de Vasconcellos, do norte-americano Steven Alexander e do francês Marcelin Pleynet.

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