O dramaturgo, ator e diretor de teatro Mário Bortolotto escreve quase diariamente no blog Atire no Dramaturgo (http://atirenodramaturgo.zip.net). Lá, estão suas impressões de mundo, quase sempre calcadas pela escrita dura e urgente. Colocados no ar nas altas horas da madrugada, os textos refletem desde estados da alma apertada até as situações-limite. Mas, também há recomendações de livros, músicas e peças. Deu tão certo que o diário virtual virou um livro.
Também no teatro, o percurso de Bortolotto, londrinense radicado em São Paulo, ganhou reconhecimento e interesse. O monólogo Kerouac chamou tanta atenção que o espaço Satyrus 2, em São Paulo, não deu conta do público. "Teve gente que ficou de fora no último dia e a crítica respondeu muito bem", relembra o dramaturgo, que não se apresenta em Curitiba há dez anos e retorna à capital neste mês com duas peças.
Kerouac será encenada no próximo fim de semana, entre os dias 23 e 26 de novmebro no Mini-Auditório do Teatro Guaíra. Já o espetáculo Homens, Santos e Desertores pode ser conferido no mesmo local neste fim de semana. A peça fala da relação entre um jovem e um velho. "É sobre um cara recluso, que fica com seus livros o dia inteiro, lendo. E tem esse garoto que começa a se identificar com velho e freqüentar a sua casa, mas o velho não quer conviver com mais ninguém", explica Bortolotto.
O homem mais maduro se sente ameaçado pela presença do rapaz, porque se reconhece na inteligência e nas ambições do jovem. "O velho percebe que o menino periga ficar como ele e, por mais que perceba que isso é inevitável, tenta mudar esse destino". Outra idéia presente na peça vincula a sabedoria à solidão. "O homem sabe que as pessoas que não procuraram o conhecimento que ele adquiriu são mais felizes", diz Bortolotto, que interpreta o velho, enquanto o papel do menino coube a Gabriel Pinheiro. A direção é de Fernanda D Umbra. O monólogo Kerouac, baseado em Jack Kerouac, celebrado autor de Pé na Estrada, foi idealizado ainda em 1994. No entanto, o texto de Maurício de Arruda Mendinça foi apresen-tado somente em 2003. "Minha idéia não é mostrar o Kerouac herói, o estradeiro, o ídolo, mas o Kerouac nos últimos dias de vida, humano, amargurado, sozinho, vivendo com a mãe, fodido, com todas as suas contradições", diz Bertolotto, que interpreta o escritor sob a direção de Fauzi Arap.
Serviço: Homens, Santos e Desertores. Hoje e amanhã, às 21 horas, e domingo, às 20 horas. Kerouac. Dias 23, 24, e 25, às 21 horas; e dia 26, às 20 horas. Mini-Guaíra (R. Amintas de Barros, s/n.º), (41) 3304-7982. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
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