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 | Bob Souza
| Foto: Bob Souza

A tensão pela espera de ver encenado seu texto Hieronymus nas Masmorras se prolongou um pouco mais para Luiz Felipe Leprevost. A estreia que deveria ocorrer na última segunda-feira foi impossibilitada por problemas técnicos. Na terça, nova oportunidade, mais tensão.

É ousado o texto deste autor do Núcleo de Dramaturgia do Sesi. O próprio diretor, Roberto Alvim, diz ter se espantado com a escolha dos curadores Gabriela Mellão e Luciano Maza, que o selecionaram entre mais de 30 peças para montagem. "É um texto estranho", define Alvim.

Leprevost se sentou no meio do auditório e quase não se encostava na cadeira, inclinando-se à frente para ouvir melhor (lá atrás, no José Maria Santos, a acústica ficou um tanto comprometida).

A plateia, quase lotada, sabia que algo difícil viria. Logo de início, a escolha por áudios gravados, em que a bela voz feminina (de Juliana Galdino?) balbucia o texto, com vogais aspiradas que soam como goteiras nas masmorras.

Hieronymus escapou da morte num fim de mundo em que sobraram só seres extremados. E vai em direção ao poder – escala muralhas, bebe sangue em esgotos.A comédia surpreende em pontos do texto, como quando um carrasco descreve o nome de seus três pênis. A humanidade já não se entende como tal.

Outra escolha que alivia a tensão constante é o uso de fantoches em trechos da narração da história.

Durou cerca de 40 minutos, a porta foi aberta e ninguém aplaudiu. Demorou até mesmo para o autor do texto se convencer de que acabara.

"Você não sabia que tinha acabado?", pergunto. "Não. Quer dizer, para mim ainda não acabou, ainda estou com ele aqui", diz Leprevost, apontando para o peito.

ServiçoHieronymus nas MasmorrasTeatro José Maria Santos (R. Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Dias 6 e 7 às 21h. Texto: Luiz Felipe Leprevost. Direção: Roberto Alvim. Com Juliana Galdino. R$ 20 e R$10 (meia).

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