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cinema

A um passo da paródia

Previsível é o maior elogio que Atirador pode receber. O filme tem estréia simultânea hoje em vários países – inclusive nos EUA e no Brasil – e gerou alguma expectativa para o seu lançamento, graças ao ator envolvido no projeto.

Mark Wahlberg, sempre lembrado como o ator pornô superdotado de Boogie Nights e indicado ao Oscar de coadjuvante por Os Infiltrados, disposto a investir na carreira de herói de ação, vive Bob Lee Swagger, ex-atirador de elite das forças armadas americanas. "Ex" porque ele e o amigo foram abandonados à sorte durante uma missão secreta na África, tendo de encarar um pequeno exército. No embate, o companheiro, que esperava casar com a noiva enfermeira e apaixonada, morre. Swagger o abraça, grita e fica fulo da vida, consegue matar meio mundo e escapar. Tudo isso nos primeiros cinco minutos de projeção.

Refugiado nas montanhas, plantando e caçando sua própria comida, ele vira uma espécie de lenda. Um atirador excepcional, capaz de acertar um alvo a dois quilômetros de distância (!).

Ele é então procurado pelo coronel Isaac Johnson (Danny Glover) para uma missão incomum. O governo quer que Swagger planeje o assassinato do presidente dos EUA como uma forma de prevenir o pior. Com sua experiência, o ex-atirador poderia ajudar a desmascarar um suposto complô. E ainda não deu 15 minutos de projeção – naturalmente, a história teria desdobramentos.

O complô existe de fato, mas Swagger é otário e patriota o suficiente (palavras dele) para cair em uma armadilha, sendo incriminado pela morte do líder africano que participava de um evento com o presidente americano e era o verdadeiro alvo dos criminosos.

O que prometia ser uma boa trama de suspense e ação, em que ninguém é totalmente confiável, logo desanda para o maniqueísmo habitual dos filmões hollywoodianos. Mocinhos, bandidos e a velha ladainha de servir ao país e punir os corruptos.

A previsibilidade pode ser um defeito, mas também uma qualidade. Se o público espera ser surpreendido, terá entrado na sessão errada. Se decide ver algumas seqüências de ação competentes, pouca história e o triunfo arrasador do bem contra o mal, perfeito. Neste caso, previsível é bom.

O maior problema de Atirador é a defesa obscena do uso de armas – até a noiva do amigo morto, que não suporta ver sangue, sabe usar uma escopeta como ninguém. O desfecho absurdo pode testar a credulidade de qualquer um e deixa o filme a um passo da paródia. GG

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