Aos 32 anos, Alicia Keys tem mais de 35 milhões de álbuns vendidos e vários Grammy| Foto: Divulgação
CD: Girl on Fire. Alicia Keys. RCA/Sony Music. Preço médio: R$ 24,90. R&B

Alicia Keys, com frequência, é acusada de ser antiquada demais, retrô, ao insistir em embotar seus álbuns do chamado R&B velha guarda, de artistas que vão de Aretha Franklin a Marvin Gaye, passando por Otis Redding, Wilson Pickett e Smokey Robinson, entre outros. Essa opção tem lhe custado uma certa dificuldade de atingir o público mais jovem, adorador de uma música pop pós-humana, construída nos paraísos artificais da música eletrônica, onde uma grande voz pode ser mero detalhe dispensável.

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Na tentativa de se conectar com esse público, em certa medida, Girl on Fire, novo álbum da artista, a apresenta em parcerias com colaboradores mais jovens e hip, como Emeli Sandé, cantora escocesa que ganhou o mundo depois das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres; Gary Clark Jr., jovem guitarrista do chamado novo blues norte-americano; e Jamie xx, astro da música eletrônica britânica, e integrante do grupo londrino The xx (grafado assim mesmo, com letras minúsculas).

Mas não se iludam. Alicia continua uma militante de sua causa: provar que a essência do R&B está em grooves com as sinuosidades históricas do gênero e do soul e em baladas arrebatadoras, na linhagem de "Fallin’" e "Ain’t Got You", dois dos maiores hits da cantora. Para comprovar, ouçam "Brand New Me", single que sucede a embalada faixa-título, uma colaboração com Nicki Minaj, estrela contemporânea do hip-hop e do rap.

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Enquanto "Girl on Fire", que obteve sucesso moderado nas paradas, buscava a frequência das rádios de perfil mais pop, com um público ouvinte bastante amplo e genérico, "Brand New Me" é, essencialmente, uma composição de Alicia Keys, construída para ser veículo de suas habilidades vocais e como pianista. Pode ser descrita como uma canção de desforra e empoderamento, temas recorrentes na música negra norte-americana cantada por mulheres.

Prestes a completar 32 anos, e com mais de 35 milhões de álbuns vendidos, Alicia Keys ainda se perde um pouco em suas tentativas de se aproximar de texturas mais jazzísticas e supostamente elaboradas. Embora sua sólida formação musical a credencie para tanto, essas tentativas soam algo artificiais – e pretensiosas. É em faixas mais despojadas, como ‘’Not Even the King", na qual a artista se faz acompanhar apenas pelo seu piano, que ela decola, emociona.