Repertório
A Companhia Brasileira de Teatro, fundada em 1999 por Marcio Abreu, tem no momento quatro peças em seu repertório, que costumam e podem ser montadas permanentemente. São elas:
Apenas o Fim do Mundo, texto de Jean-Luc Lagarce
Volta ao Dia..., baseada em Júlio Cortázar.
O Que Eu Gostaria de Dizer, com dramaturgia de Bianca Ramoneda, Luis Melo, Marcio Abreu e Márcio Vito.
Suíte 1, texto na íntegra de Philippe Minyana.
Para 2010, a trupe prepara um espetáculo sobre Paulo Leminski. Leituras públicas serão realizadas ainda este ano, enquanto são feitas pesquisas e outras imersões na obra do poeta curitibano.
Se as conversas, de praticamente todo e qualquer cotidiano, são quase sempre iguais (ou variações a respeito das mesmas questões), cinco atrizes dialogam com um ator e tentam, por meio de palavras e entonações vocais, extrair algo que o incomoda.
Em cena, a simulação do que pode ser uma cozinha ou mesmo uma sala de jantar. Durante 55 minutos, os seis personagens permanecem no campo de visão do público. Um enredo não-linear. Um tema atemporal: a eterna crise em que se encontra o ser humano, mesmo e quando não sabe que algo o perturba e exige transformação.
Suíte 1, texto do dramaturgo francês Philippe Minyana, numa montagem da Companhia Brasileira de Teatro, já percorreu diversos palcos e espaços cênicos do Brasil. A tradução, inclusive, é assinada por Giovana Soar, que interpreta uma das personagens femininas.
A obra foi pinçada em meio a muito do que se produz na contemporaneidade por dialogar com o objetivo da trupe de Marcio Abreu, que é estar com os olhos bem abertos e os pés fincados no presente.
Nadja Naira, que representa uma das mulheres (além de assinar a iluminação), e Ranieri Gonzalez, o único personagem masculino, salientam que o espetáculo pode ser entendido como uma "partitura musical".
Explica-se: o texto é dito na íntegra. "Não há cacos nem improvisos", garante Nadja. Há, sim, sequências de falas, pontuadas por calculadas pausas, que provocam inclusive efeitos sonoros. "O elenco é como uma orquestra. Daí a necessidade de a gente ter de ensaiar muito antes de cada temporada", diz Gonzalez. Ele permanece sentado durante toda a montagem (em uma cadeira giratória). O elenco se alimenta durante uma fala e outra. A comida chinesa, que fica dentro de uma geladeira, costuma chegar (via motoboy) minutos antes da abertura das cortinas.
Se Nadja Naira opera a luz ali mesmo enquanto Suíte 1 acontece, Chiris Gomes canta e toca teclado, e doses de café são preparadas por Giovana Soar. Cristiane de Macedo, por sua vez, lê trechos diretamente de um exemplar bilíngue. E, em meio a conversas, as mais coloquiais possíveis, nenhum personagem fala diretamente de si, apenas dos outros, e assim é feito o corpo da peça.
A comédia dramática, apesar de gerar risos (no interior de São Paulo, uma sessão de gargalhadas ultrapassou 20 minutos), trata de questões sérias, tanto que depois dos aplausos, os atores encontram-se completamente cansados, esgotados emocional e fisicamente.
Desde a estreia, no início de 2005, no Sesc Copacabana (RJ), incluindo a turnê que partiu de Osasco rumo a Araraquara (e mais 13 cidades), temporadas em São Paulo e mesmo em Curitiba, a estrutura da peça permanece igual. "É a mesma e difícil, mas recompensadora, montagem desde que começamos", enfatiza Nadja.
Suíte 1, no fim das contas, desnuda os impasses de um personagem que repete, como se fosse um mantra, a frase "Não quero falar sobre isso" o que, de certa maneira, revela a psicologia do homem vivido por Ranieri Gonzalez.
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SERVIÇO
Suíte 1. Teatro José Maria Santos (Rua Treze de Maio, 655), (41) 3322-7150. Direção Geral: Marcio Abreu. Com Ranieri Gonzalez, Christiane de Macedo, Chiris Gomes, Giovana Soar, Nadja Naira e Thais Tedesco. De quinta (12) a sábado (14), às 21 horas. Domingo (15), às 19 horas. Ingressos: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (Estudantes e portadores do Cartão Teatro Guaíra).
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