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 | Marcela Belz/Divulgação
| Foto: Marcela Belz/Divulgação

É tarefa das mais injustas escrever um "a" contra o 92 Graus, símbolo da resistência do rock em Curitiba. Seu status tosco-clássico é símbolo da cena underground da cidade, e o JR deveria, sei lá, ganhar estátua na Praça do Gaúcho pelo conjunto da obra. Mas ver uma banda deixar a casa sem reclamar "do som" é ainda mais raro.

Pior ainda é quando dois meninos tocando violão e brincando de primeira e segunda voz sobem ao palco. Os Irmãos Carrilho se apresentaram no último sábado e, mesmo com quase tudo contra, comprovaram a originalidade de seu trabalho "folkaipira".

O clique de Alexandre Provensi e Matheus Godoy, de 21 e 22 anos, foi em (re)criar uma estética inocente, mas não boba, em um cenário jovem dominado por ironia e sarcasmo. Letras bucólicas – "Pescar e voltar no final da manhã de um verão" –, atenção especial às harmonias vocais e um certo desdém proposital movem a dupla, que diz ter sido influenciada por Don & Phil (The Everly Brothers), mas que na verdade lembra tanto as The Early Tapes dos Beatles quanto as canções seresteiras de Belarmino e Gabriela. As várias inflexões vocais d’Os Irmãos Carrilho colorem a toada interiorana e semiacústica.

Além de suas músicas próprias – "Maldito Fim" é um quase hit –, a dupla demonstrou bom gosto e versatilidade em uma versão "derretida" de "Bom Dia Rock’N’Roll", de Erasmo Carlos. É de se imaginar como seria se eles tivessem bom equipamento à disposição e público interessado e silencioso na plateia de algum teatro de Curitiba – ou, como sugere o som da dupla, no coreto de alguma cidadezinha.

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