Rio de Janeiro - Uma apresentação de Milton Nascimento, que compôs sob a influência da arte de Portinari especialmente para a ocasião, uma performance de Ana Botafogo, com coreografia de David Parsons, e um recital de Fernanda Montenegro, a partir de frases famosas do pintor, fizeram, anteontem à noite, parte do programa da cerimônia de inauguração dos painéis "Guerra" e "Paz", trazidos com o esforço do filho dele, João Cândido Portinari, de Nova York para o Teatro Municipal do Rio.
Até o dia 30 de dezembro (à exceção dos dias 24 e 25), quem for ao Municipal poderão admirá-los (é preciso pegar senha, e o período de visitação é de duas horas, marcadas das 10 às 22 horas). Os murais, dois conjuntos de 14 óleos sobre madeira, aparafusados, somando 280 metros quadrados, foram tirados da entrada do prédio-sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para onde haviam sido feitos sob encomenda.
Era 1956, e Portinari, artista de Brodósqui (SP) consagrado no Rio, recebera o pedido do governo brasileiro, que queria presentear a ONU. Trabalhando duro apesar da saúde já debilitada pela intoxicação que lhe seria fatal, Portinari (1903-1962) fez cerca de 180 estudos. Em nove meses, terminou seu "grito contra a guerra", considerado à época a mais importante obra mural doada à ONU. Ele não pintou armas: de um lado, aparecem muitas crianças brincando; de outro, mães chorando a morte de seus filhos. Na ocasião, houve clamor pelos jornais para que o povo pudesse vê-los antes do embarque. Montou-se, então, uma exposição no Municipal, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek.
Durante uma semana, a mostra atraiu milhares de pessoas. A imagem era impressionante: os dois murais de 14 metros de altura, sob iluminação dramática, numa sala de espetáculos às escuras. As caixas com as telas chegaram ao Brasil na semana passada. No centro do palco mais nobre do Rio, a montagem, que consumiu o trabalho de 50 pessoas, terminou na última sexta-feira (17), e foi acompanhada por João Cândido Portinari curiosamente, seu pai não pôde fazer o mesmo em 1956, já que, por sua filiação ao Partido Comunista (PC), não conseguiu visto de entrada nos Estados Unidos.
Fundador do projeto que guarda a memória do pai, abrigada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUCRJ), João se ressentia do fato de os painéis terem ficado praticamente invisíveis nos últimos anos depois dos atentados terroristas de 2001, a segurança foi tão intensificada que o acesso à obra se restringiu demais. Agora, o Rio todo pode admirá-los e também outras cidades do País e do exterior, se ele conseguir patrocínio para o projeto itinerante. A obra será embarcada de volta a Nova York só em 2013, passada uma grande reforma do prédio da ONU.
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