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Brasília – Como acontece tradicionalmente, na última terça-feira o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro abriu sua 38.ª edição com uma cerimônia simples no Teatro Nacional, destacando a apresentação da Orquestra Sinfônica Claudio Santoro, sob a regência do maestro Silvio Barbato – que interpretou temas relativos à brasilidade – e a projeção de um filme hors-concours, A Vida É um Sopro, de Fabiano Maciel, sobre Oscar Niemeyer.

Mais próxima de uma entrevista filmada do que de um documentário, a produção traz o arquiteto modernista brasileiro comentando alguns de seus maiores projetos: Brasília, prédios públicos no Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de Niterói, o prédio da ONU em Nova Iorque (realizado em conjunto com o francês Le Corbusier). O Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, é mostrado apenas no final do filme, sem maiores observações críticas.

Niemeyer defende a realização de uma arquitetura que não seja apenas funcional, mas que tenha beleza e possa ser vista pelas pessoas, principalmente aquelas mais pobres, que nunca terão acesso algumas das grandes construções que projetou – oportunidade para o filme lembrar de sua ligação com o partido e a causa comunista.

A fita foi ovacionada em vários momentos pela platéia de convidados, principalmente quando o senhor de 97 anos soltava na tela palavrões durante algumas ácidas observações (é incrível como as pessoas ainda se divertem, e muito, com alguém dizendo m... e f... no cinema). Mas houve momentos de aplausos mais sérios, quando, por exemplo, Niemeyer falou sobre o atual crescimento desordenado de Brasília, que foge completamente do seu projeto-piloto, dificuldade que a população local tem sentido na pele. O documentário ainda apresenta alguns depoimentos, o mais interessante de Chico Buarque, que compara Niemeyer a Tom Jobim em termos de genialidade, além de ler um belo texto que escreveu em homenagem ao arquiteto.

Apesar de bem editado (tem interessantes imagens de arquivo, como as de Niemeyer com Le Corbusier), A Vida É um Sopro apresenta problemas de fotografia. Maciel realizou o filme em vídeo digital, mas para uma produção em que a imagem das obras e projetos do personagem retratado são parte importante do contexto, deveria ter optado pela filmagem em película, para realmente ressaltar a importância histórica de Niemeyer para a arquitetura brasileira e mundial.

A programação de hoje na mostra competitiva de 35mm, realizada no Cine Brasília, destaca o documentário de longa-metragem À Margem do Concreto, de Evaldo Mocarzel, e os curtas-metragens De Glauber para Jirges, de André Ristum (SP), e A Lente e a Janela, de Marcius Barbieri (DF).

O repórter viajou a convite do festival

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