Cena do filme "Era Uma Vez..."| Foto: Divulgação/Conspiração Filmes
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Um drama pouco provável tenta dar forma à crítica feita em relação ao abismo entre classes sociais no longa "Era Uma Vez...", dirigido por Breno Silveira que chega às telas da capital paranaense nesta sexta-feira (19). Um jovem morador de uma favela se apaixona por uma garota de classe média alta, e os dois tentam estabelecer um amor proibido não simplesmente por regras sociais, mas principalmente pela violência.

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"Era Uma Vez..." demonstra duas histórias paralelas. De um lado, o conto de amor entre Nina (Vitória Frate) e Dé (Thiago Martins, de "Cidade de Deus"), a adolescente que mora em Ipanema, no Rio de Janeiro, e um jovem morador do morro do Cantagalo, que trabalha em um quiosque e vende cachorro-quente na beira da praia. Do outro, a sociedade paralela criada dentro dos morros cariocas, nos quais os jovens são instigados a entrar para o mundo da violência por vontade ou apenas por conseqüência.

"Moro no lugar mais bonito do mundo. O morro do Cantagalo, que fica no bairro mais rico do Rio de Janeiro", diz Dé logo no início do longa. Filho mais novo dentro de uma família de três irmãos, ele se mostra feliz com o que tem, apesar de assistir de arquibancada à vida da classe média carioca e os dramas vividos por seus irmãos mais velhos.

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Em meio à violência e desejo de vingança, dez anos se passam e Dé consegue se estabilizar em um trabalho e se manter fora dos problemas trazidos pelo tráfico no morro onde mora. É lá que ele conhece Nina, moradora de um prédio na beira-mar. Depois de uma briga com o namorado, que termina o relacionamento na calçada, em frente ao seu prédio, Nina se senta em um banco em frente à praia, onde fica exposta à violência de um grupo de garotos que se aproxima para abordá-la. Atento à cena, Dé tem o primeiro contato com Nina ao chegar ao seu lado e acompanhá-la até sua casa em segurança.

Nos próximos dias, o garoto tenta fingir que não é um simples vendedor, a fim de chamar a atenção de Nina. A mentira dura pouco, mas com alguns minutos de reflexão a garota percebe que o fato de Dé ser mais pobre do que ela não afetaria a possibilidade de um relacionamento, instigado também pela curiosidade de conhecer a vida dentro do morro vizinho.

Apesar da reprovação imediata dos pais, a situação se estabiliza em comum acordo, apesar da expectativa de que o pai de Nina, sua filha única, seria muito mais severo em frente à situação. Porém, é quando a garota se aproxima ainda mais da violência do morro que os problemas começam a acontecer. A situação fictícia serve de pano de fundo para expressar a idéia do roteiro de que, caso as pessoas prestassem mais atenção ao que está a sua volta, as conseqüências poderiam ser menos duras.

Com diálogos curtos, o roteiro tenta parecer natural, mas ao mesmo tempo, sugere uma situação superficial. A questão psicológica dos personagens e o processo que levou os jovens a se apaixonarem acontece com muita rapidez, e se faz necessário observar a "grande paisagem" a fim de entender a mensagem do longa.

Um dos temas mais significativos do longa é "Minha Rainha", de Manacea, compositor da Velha Guarda da Portela. A sugestão para a escolha da música foi da cantora Marisa Monte, que retirou a canção inédita dos arquivos de pesquisa que fez sobre samba. A interpretação ficou por conta de Luiz Melodia. Marisa também gravou para o longa-metragem a música "Uma Palavra", canção inédita composta em parceria com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

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Honestidade dentro do morro

Dé vive outro conflito com sua família. Seu irmão do meio morreu sem culpa nas mãos de um morador do morro, o que causou desgosto e desejo de vingança em si mesmo e em seu irmão mais velho. Apesar disso, ambos se mantiveram longe de confusões durante anos, até que um descuido de Dé coloca o seu irmão na prisão.

Depois de viver o tormento enclausurado por dez anos, Carlão consegue a liberdade assistida por policiais em troca de favores. Isso faz com que ele fique atrelado à vida do tráfico, apesar de ter a intenção de proporcionar uma vida melhor aos moradores do local.

Tais ligações o colocam em uma enrascada, que proporciona problemas não só a ele, mas também a sua família e às pessoas próximas.

Direção

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Breno Silveira foi responsável pelo longa "2 Filhos de Francisco", que foi o filme nacional de maior bilheteria nos últimos 30 anos, com 5,3 milhões de espectadores. O longa foi a indicação brasileira ao Oscar em 2006, mas não conseguiu conquistar a candidatura frente aos longas do exterior.