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Uma mágica só tem valor para o público porque seu segredo não é revelado. Assim que se descobre o que há por trás de um truque – e quase sempre a explicação é ridiculamente simples –, as pessoas perdem o interesse. Dita por um dos personagens de O Grande Truque, a principal estréia desta semana nos cinemas, essa é uma verdade que se impõe ao filme.

Na Inglaterra do fim do século 19, Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) são mágicos que se tornam rivais violentos – ambos interessados em desvendar os mistérios um do outro. A rixa atinge o auge quando Borden faz o grande truque do título, chamado "O Homem Transportado". Ele tem duas portas montadas no palco e separadas por mais ou menos dois metros de distância. São apenas as portas. Não há paredes. Borden consegue entrar por uma e sair por outra quase no mesmo instante.

O público fica estarrecido – inclusive Angier – porque o truque é perfeito demais para ser apenas um truque. Desse ponto em diante, o mágico sacrifica sua saúde e seus amores para tentar decifrar a mágica do ex-amigo. Um percurso que o leva até os EUA, onde conhece o cientista croata Nikola Tesla (David Bowie), adversário do americano Thomas Edison na briga da eletricidade. O croata defendia a corrente alternada – mais comum hoje – e o americano acreditava que a corrente contínua era ideal.

Embora a rivalidade entre Tesla e Edison se insinue na história, é o suficiente para se perceber que um filme sobre os dois inventores seria mais interessante do que o embate entre Angier e Borden.

Em mais de duas horas de projeção, são muitas as reviravoltas da ação. Tantas que o espectador pode, a certa altura, desconfiar de tudo que vê. Está-se no terreno do "nada é o que parece ser".

Você acha que a engenhosidade dos mágicos pode contaminar o filme, mas não. Quando o segredo do grande truque é revelado, a frustração é instantânea. Eu esperei todo esse tempo para isso?

O diretor Christopher Nolan retoma um ambiente muito próximo do de Batman Begins, seu filme anterior. Além de trabalhar de novo com Christian Bale (o Batman), Michael Caine (o mordomo Alfred) e vários integrantes da equipe técnica que o acompanha há anos, Nolan cria uma Londres asséptica, semelhante à Gotham City do homem-morcego, habitada por personagens caricaturais. Nos seus piores momentos, O Grande Truque lembra um telefilme medíocre. Sem mencionar que Bale e Hugh Jackman estão a um milímetro da atuação canastrona e exagerada. GGG

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