Livros do francês Patrick Modiano, ganhador do Nobel de Literatura 2014| Foto: REUTERS/Charles Platiau

Sessenta e cinco anos é a média de idade dos escritores que vencem o Nobel de Literatura. É uma peculiaridade da categoria, premiar a terceira idade, enquanto outros nobéis parecem mais tolerantes com a meia-idade e com a juventude.

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Na página oficial do Nobel, na internet, existem várias estatísticas relacionadas a todas as modalidades do prêmio. Há muitos jovens nas categorias científicas — o laureado mais novo foi Lawrence Bragg, que levou o Nobel de Física aos 25 anos em 1915.

No de Literatura, o mais moço foi Rudyard Kipling: 42 quando recebeu os milhões em coroas suecas a que tinha direito.O francês Patrick Modiano, dono do Nobel de Literatura 2014, tem 69 anos.

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Nesta década, a média de idade dos escritores aumentou para 73. Neste milênio, ela está pouco acima dos 70.

Existe uma ideia comum no meio literário de que os melhores trabalhos de um escritor são produzidos por volta dos 40 anos. Não é regra — e as exceções são notórias —, mas faz pensar no motivo que leva a Academia Sueca a premiar autores de idade avançada e, em alguns casos, que não escrevem há muitos anos (caso de Doris Lessing, premiada aos 88, em 2007).

Parece que os acadêmicos suecos estão mais preocupados em fazer justiça histórica (e política) que reconhecer proezas literárias. Não significa que os escritores sejam ruins, mas talvez Mo Yan tenha vencido em 2012 por ser da China e não por ser um poeta incrível (na verdade, John Updike disse que ele é xumbrega). Orhan Pamuk (2006), da mesma forma, por ser do Oriente Médio. E Naipaul, Kertész, Jelinek, Müller, Pinter, Le Clézio e Modiano, por serem... europeus.

Às vezes, os suecos surpreendem de um jeito bom, com Coetzee (2003), Vargas Llosa (2010) e Munro (2013). Ontem, a escolha de Modiano deixou meio mundo perguntando: "Quem?".

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