Prestígio
Confira abaixo os prêmios recebidos pelo longa-metragem O Lutador:
Globo de Ouro
> Melhor ator: Mickey Rourke
> Melhor canção original: "The Wrestler"
> Bafta (prêmio da Academia Britânica de Cinema e Televisão)
> Melhor ator: Mickey Rourke
Indicações ao Oscar
> Melhor ator:Mickey Rourke
> Melhor atriz coadjuvante: Marisa Tomei
Há 25 anos, dois artistas, um cantor e um ator norte-americanos, chegavam ao topo de suas carreiras.
Bruce Springsteen, trovador da classe trabalhadora, tornava-se um superastro do rock com o álbum Born in the USA (1984), que vendeu 15 milhões de cópias apenas nos EUA e teve sua capa, que traz o Boss (apelido de Springsteen) de costas, vestindo um par de jeans surrado e uma camiseta branca, com a bandeira americana ao fundo.
Enquanto isso, Mickey Rourke incendiava as telas. Acabara de coestrelar O Selvagem da Motocicleta, filme de Francis Ford Coppola no qual encarna o personagem título, uma homenagem do diretor de O Poderoso Chefão aos rebeldes com causa do cinema dos anos 1950, sobretudo Marlon Brando e James Dean.
Na sequência, o ator, então com 32 anos, faria seus maiores sucessos: O Ano do Dragão (1985), 91/2 Semanas de Amor (1986) e Coração Satânico (1987) para, ao longo da década seguinte, enterrar sua carreira numa sucessão de escolhas profissionais equivocadas, escândalos pessoais e cirurgias plásticas, estéticas e corretoras, que acabaram por deformar seu rosto, também danificado por embates de pugilismo.
Embora jamais tenha chegado ao fundo do poço como Rourke, Springsteen, sempre respeitado pela crítica, também enfrentou dias difíceis na década passada, quando a fúria grunge encarnada por Kurt Cobain fez com que o Boss parecesse um tanto anacrônico. Mas era apenas uma impressão: ele jamais deixou de ser relevante.
Quis o destino, com um certo empurrão de Rourke, que os caminhos profissionais dos velhos amigos Bruce e Mickey se cruzassem. Quando o diretor Darren Aronofski deu ao ator, considerado uma bomba-relógio ambulante, a chance de estrelar O Lutador, no papel de uma lenda decadente do telecatch, Rourke abraçou a chance com unhas e dentes. Sabia que talvez fosse sua derradeira oportunidade de voltar à cena. A aposta do cineasta teve sua paga: o ator, um dos ícones da cultura popular dos anos 1980, ressurgiu das cinzas e não o fez sozinho.
Talvez percebendo que havia conseguido um desempenho que poderia mudar o rumo de sua trajetória, Rourke pediu que Springsteen visse o copião do longa e fizesse o tema de O Lutador, que deu ao compositor o Globo de Ouro de melhor canção e ao seu protagonista o troféu de melhor ator. Dia 22 de fevereiro, domingo próximo, Rourke disputa o Oscar. Springsteen ficou de fora.
Esperança
"The Wrestler", a canção, está incluída em Working on a Dream, excelente novo álbum de Springsteen que acaba de chegar ao mercado brasileiro depois de estrear no topo da parada Billboard, nos EUA, com 245 mil cópias vendidas numa semana.
Se o "eterno" defensor da classe trabalhadora parecia um tanto cético quanto ao futuro de seu país no disco anterior, o também ótimo Magic (2007), ele ressurge esperançoso nesse trabalho, cujo lançamento coincidiu com a posso do presidente Barack Obama, apoiado pelo roqueiro.
Com um repertório variado, o cantor consegue concentrar, e com unidade invejável, em um mesmo álbum hits radiofônicos ("My Lucky Day" e "Life Itself"), canções épicas ("Outlaw Pete"), temas mais românticos ("Kingdom of Days" e "Queen of the Supermarket"), country ("Tomorrow Never Knows"), blues ("Good Eye") e, é claro, hinos de esperança ("This Life", "Working on a Dream" e "Suprise Suprise").