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O maior defeito do AC/DC é também a sua maior qualidade: em pouco mais de três décadas de existência, os irmãos Malcom e Angus Young não moveram uma vírgula no tipo de som que fazem, um hard rock de poucos e poderosos acordes, pontuado por uma bateria bem marcada e os vocais esganiçados de Brian Johnson (que substituiu Bon Scott após sua morte precoce ainda no início dos anos 1980, auge criativo e comercial da banda).

Primeiro álbum dos roqueiros australianos em oito anos - e 16º da carreira -, o recém-lançado e já recordista de vendas "Black Ice" mantém a fórmula vencedora que vem garantindo ao grupo legiões de fãs no mundo todo ao menos desde os bem-sucedidos "Highway to Hell", de 1979, e "Back in Black", de 1980.

O disco abre com "Rock'n'roll train", que traz de uma tacada só duas marcas registradas do AC/DC: os riffs inconfundíveis de guitarra dos Young e, claro, a palavra "rock'n'roll' logo no título.

Para que não haja dúvidas quanto ao DNA dos "rapazes" (apesar das tradicionais calças curtas, Angus Young tem 53 anos) o termo aparecerá pelo menos outras três vezes em títulos - "She likes rock'n'roll", "Rock'n'roll dream" e "Rocking all the way" - sem contar nas inúmeras ocorrências nas letras propriamente ditas.

Para o bem e para o mal, ainda, a toada seguirá a mesma ao longo das 15 faixas do disco. Junte as palavras fogo ("Skies on fire"), guerra ("War machine"), porrada ("Smash n'grab" e "Spoilin' for a fight"), barulho ("Decibel"), trovões ("Stormy may day"), dinheiro ("Money made") e mais uma dúzia de clichês roqueiros à sua escolha, mexa bem, e você tem mais um - ou mais vários - disco do AC/DC.

O curioso é que a receita funciona. E bem. Mesmo que após os primeiros 20 e poucos minutos as músicas percam parte de seu frescor e caminhem para a monotonia pelos mesmos motivos citados acima, "Black ice" traz uma dose de honestidade e integridade de que poucas bandas do rock de hoje - seja metal, emo ou indie - podem se gabar.

Toscas mas autênticas, é a bandas como AC/DC que as novas gerações vão recorrer quando quiserem "saudar" o bom e velho rock. Não é à toa que a alta-voltagem do grupo esteja sendo usada ainda hoje para alimentar sucessos de bilheteria e público como os filmes "Homem de ferro", que tem "Back in black" na trilha, e a franquia de videogames "Rock band", que acaba de lançar um pacote de expansão só do AC/DC para os fãs baixarem e tocarem.

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