A comédia "Click", estréia desta sexta-feira (11), parte de um tema antigo - a idéia de que todos os momentos da vida merecem ser prezados e curtidos, mesmo os que são aparentemente insignificantes - e confere a ele um viés pós-moderno, com a ajuda do ator cômico Adam Sandler e de um controle remoto universal dotado de um "menu da vida".
O filme é repleto de piadas, como seria de se esperar de um filme com Sandler, mas seus criadores - o diretor Frank Coraci e os roteiristas Steve Koren e Mark O'Keefe - perceberam que toparam com uma idéia que, além de boa, é inteligente, por isso conduzem sua comédia para algumas das áreas mais sombrias do comportamento humano.
Embora o filme se afaste desse lado sombrio para chegar a um final feliz, "Click" não deixa de estar a anos-luz de distncia de trabalhos anteriores do ator, como "Um Maluco no Golfe" ou "O Rei da água", refletindo a tentativa de Sandler de ampliar seu espectro emocional.
Michael Newman (Sandler) é um arquiteto workaholic e estressado que está decidido a conquistar a aprovaçao de seu chefe (David Hasselhoff), para que possa ser nomeado sócio da empresa.
Por essa razão, deixa de lado sua linda esposa, Donna (Kate Beckinsale), e seus filhos perfeitos, Ben (Joseph Castanon) e Samantha (Tatum McCann). Ele não tem tempo de tirar férias, nem mesmo de acabar de construir a casa na àrvore do quintal da família que seus filhos lhe pediram.
Certa noite, irritado quando nao consegue descobrir qual de seus controles remotos liga a TV, Michael vai até uma loja para comprar um controle universal que opere todos seus equipamentos eletrônicos.
Na loja Bed, Bath & Beyond (Cama, Mesa & Além), ele passa pela porta do Além e chega a um misterioso misto de depósito e laboratório, onde um sujeito ligeiramente demente chamado Morty (Christopher Walken) lhe entrega um controle que, promete, vai mudar a vida de Michael. E é o que a engenhoca realmente faz.
Michael descobre que esse controle remoto não apenas pode abaixar o som do latido de seu cachorro, como lhe permite passar rapidamente, em fast-forward, pelas discussões com sua mulher e as partes chatas de seu trabalho.
O problema é que o controle começa a programar Michael. Baseado em suas preferências anteriores, ele prevê os acontecimentos que ele gostaria de viver e os que o arquiteto preferiria deixar de lado. Só que, com isso, ele começa a pular grande trechos de sua vida, descrevendo um fast-forward até o dia em que finalmente se torna sócio da empresa - mas volta para casa e encontra sua família irremediavelmente distanciada dele.
"Click" diverte ao envelhecer os personagens, retratar os frutos do hábito de comer junk food ao longo de anos e de ver relacionamentos desabar e serem retomados, bastando para isso apertar um botão.
A lógica do controle remoto universal não é conduzida até o fim. Afinal, se Michael pode apertar o fast-forward no tempo, por que não pode voltar sua vida para mudar seu destino?
O que mais causa perplexidade é que o controle parece criar dois Michaels diferentes. Aquele que aperta o controle ainda sente uma necessidade profunda pelo amor de sua família. Mas o Michael "mau", aquele que se vê depois dos saltos para frente no tempo, está totalmente distanciado de sua família ou até mesmo hostil a ela.
Felizmente, Sandler apresenta o Michael bom como um sujeito de quem é possível gostar, mesmo quando está sobrecarregado de trabalho e parece ficar realmente espantado com sua versao mudada.
Os filhos de Michael são representados em momentos distintos por trás duplas diferentes de atores, tudo isso de maneira convincente. Mas Kate Beckinsale, como Donna, não faz muita coisa além de mudar o alvo de seu amor, algo que no início parecia improvável.
Os personagens secundários - Hasselhoff, o patrão de Michael, Henry Winkler e Judy Kavner como seus pais, Sean Astin como professor de natação e Jennifer Coolidge como a amiga de Donna - são todos caricaturais.
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