Earnest, do original de Oscar Wilde (1854-1900) The Importance of Being Earnest, ganha um novo significado e é rebatizado como Perfeito ao ser transportado da Inglaterra vitoriana para o Rio de Janeiro do século 21 na adaptação A Importância de Ser Perfeito, de Leandro Soares, que estreou nesta sexta-feira (4), no Centro de Eventos Fiep, com direção de Daniel Herz.
Confira a programação do Festival de Teatro.
A comédia conta a história de José Dourado, um herdeiro e acionista das telecomunicações que usa como segunda identidade o nome de Perfeito Dourado. O artifício acaba sendo pivô de uma confusão envolvendo pessoas da alta sociedade do Rio de Janeiro.
As críticas de Wilde ganham atualizações para os tempos de culto à imagem e narcisismo digital na adaptação de Soares, que está em cena como Agenor Nabuco. Elas se mostram ajustadas e ainda contundentes, especialmente quando toca nas tensões sociais e criticam instituições como o casamento, embora sua acidez acabe um tanto ofuscada em momentos de maior exagero resultantes da opção por escalar homens para personagens femininas caricatas.
A escolha se fundamenta em um ensaio da americana Camille Paglia sobre a androginia dos personagens do texto de Wilde, que relaciona os homens com posturas passivas enquanto transfere a conduta agressiva às mulheres. A ideia promove atuações talentosas e perspicazes, que fazem rir, mas que também incomodam quando abusam de alguns recursos já gastos deste tipo de humor.
A Importância de Ser Perfeito, no entanto, não falha em divertir com inteligência e ideias interessantes, como a dos prelúdios musicais de cada ato apresentados por trás de uma tela translúcida no fundo do cenário, composto de maneira simples. Vale destacar o figurino de Thanara Schonardie, que levou o Prêmio Shell de Teatro no Rio de Janeiro.
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