O advogado Roberto Rached Jorge disse nesta terça-feira (10) que irá recorrer da decisão que decretou a falência da confecção Zoomp. A fábrica da empresa em Barueri, na Grande São Paulo, foi lacrada pela Justiça. O recurso deve ser apresentado no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) até quarta-feira (11), segundo o advogado.
"A gente quer reverter esse quadro que foi horrível para todos. A empresa tem um número grande de funcionários e estava com os salários em dia", afirmou Jorge. A confecção emprega, no total, 330 pessoas. A falência foi decretada na última sexta-feira (6) pela juíza Graciella Salzman, da 5ª Vara Cível da Comarca de Barueri, atendendo a um pedido de uma empresa prestadora de serviços de informática.
Luís Augusto Canedo, advogado da empresa que entrou na Justiça (ele pediu ao G1 para que o nome dela não fosse divulgado), disse que a Zoomp começou a não honrar os pagamentos em dezembro de 2007. A prestadora de serviço entrou com uma ação em agosto de 2008, quando a dívida chegava perto de R$ 424 mil.
Ainda de acordo com Canedo, em novembro do ano passado foi fechado um acordo com a grife. A confecção deveria pagar R$ 350 mil em sete parcelas, a partir de dezembro. Mas não depositou a primeira parcela. "Eles descumpriram ainda no fim do ano, avisamos a Justiça e os alertamos que a falência poderia ser decretada", contou.
O advogado da Zoomp confirma que o pagamento não foi feito. Segundo ele, a empresa priorizou os salários dos funcionários, na época atrasados. Jorge disse, no entanto, que a confecção já tem o dinheiro para pagar a dívida com a prestadora de serviços. "Se a gente conseguir reverter [a decisão da falência], iremos cumprir o acordo", disse.
Ele não quis divulgar o total da dívida da Zoomp, mas adiantou que a maioria dos débitos é fiscal. Segundo Jorge, a empresa conseguiu diminuir entre 30 e 40% a dívida acumulada. O advogado afirmou que, apesar dos problemas financeiros, a fábrica produzia normalmente até a sexta-feira, quando a falência foi decretada. As lojas continuam abertas.
Portas fechadas
Um papel na fachada informava nesta terça-feira (10) que a fábrica havia sido lacrada em virtude da "falência da Zoomp S/A". Não havia nenhum funcionário na confecção nesta manhã. Dois vigias de uma empresa terceirizada, no entanto, faziam a segurança da sede.
O segurança Valmir Garcia de Oliveira, 38 anos, que trabalha na fábrica da Zoomp há 14 anos, contou que recebeu uma ligação por volta das 11h de segunda-feira (9). Um funcionário pedia que ele fosse até a fábrica para retirar seus objetos pessoais, porque a empresa estava sendo lacrada pela Justiça. "Foi triste, as pessoas ficaram chorando. A maior parte dos funcionários é antiga", disse.
Oliveira era contratado pela empresa e conta que o pagamento do salário de dezembro atrasou um mês e meio. Em janeiro, o pagamento saiu com um dia de atraso. "A Zoomp estava devendo para clientes, fechando lojas por não pagar o aluguel. A juíza, então, decretou falência e dois oficiais foram lá ontem [segunda]", afirmou.
O segurança diz que os boatos sobre a falência da empresa existiam entre os funcionários há algum tempo. "Ontem, disseram que, se até sexta não ligarem, é porque a fábrica não voltará à ativa", lamentou.