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Há bastante tempo, o Brasil não produz uma boa safra de escritores para teatro. O pernambucano Newton Moreno tem sido considerado a grande aposta do que seria o início desta nova leva. Ganhador do Prêmio Shell, o mais importante do país, ele tem em Agreste, o quarto texto encenado, seu principal cartão de visitas. Agora, depois de dois anos rodando o Brasil, a peça volta a Curitiba para um fim de semana de apresentações no Teatro da Caixa.

A peça já passou pela cidade em 2004, como parte da Mostra de Teatro Contemporâeno, no Festival de Teatro de Curitiba. Colecionou elogios – o que se tornou cada vez mais comum desde então. "Conseguimos uma resenha positiva até da Bárbara Heliodora", brinca o ator João Carlos Andreazza, mencionando a crítica de O Globo, autora dos textos mais rigorosos sobre teatro na imprensa brasileira.

Agreste fala sobre uma história de amor e intolerância no sertão nordestino. Newton Moreno, nascido em Pernambuco e radicado em São Paulo, conta que se inspirou e se baseou nas histórias contadas por uma amiga que trabalha no Nordeste com educação sexual de mulheres.

Por outro lado, o grupo não tenta em nenhum momento falar especificamente sobre as condições de vida no Nordeste brasileiro, nem parece ser essa a intenção principal do autor. O importante não é o sotaque, a ambientação em um clima semi-árido e nem o fato de as personagens serem de lá. O mais relevante é que as personagens vivem uma história universal, que poderia ter lugar em qualquer lugar do Brasil ou em qualquer canto do mundo.

Amor impossível

A trama fala de um homem e uma mulher que se descobrem completamente apaixonados um pelo outro. Ao mesmo tempo em que querem se aproximar cada vez mais, eles pressentem que essa atração pode trazer perigo para suas vidas. Decidem levar seu projeto de vida adiante, apesar de tudo. Mas o homem, depois de se casar com sua amada, morre. E a mulher, só depois do assassinato consegue compreender qual era o real risco que eles corriam ao se manterem fiéis a seu amor. Os dois atores que encenam o espetáculo fazem ao mesmo tempo o papel de contadores de histórias e as personagens do caso que vão contando, num jogo de papéis múltiplos.

Andreazza, um dos dois atores da peça, diz que de certa maneira a receptividade altamente positiva ao espetáculo, com casas lotadas e convites para viajar por diversas cidades foi uma surpresa para o grupo. "É uma peça que não faz concessões para o público", diz ele. "Pelo contrário, o começo dela exige muito da platéia. Mesmo assim, continuamos recebendo um convite melhor do que o outro", conta.

Segundo ele, o espetáculo já tem programação para todo o primeiro semestre de 2006. Viaja para várias cidades, faz duas temporadas em São Paulo e ainda tem viagem para a Alemanha já garantida, com apresentações em Berlim e possivelmente em Munique.

Serviço: Agreste. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 3321-1999. Texto de Newton Moreno. Direção de Márcio Aurélio. Com Paulo Marcello e João Carlos Andreazza. Hoje e amanhã às 21 horas e no domingo às 19 horas. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (clientes da Caixa Econômica Federal, idosos e estudantes).

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