A segunda temporada da série Lost estréia segunda-feira, às 21 horas, no canal pago AXN. O título, que significa "perdidos" em inglês, define bem o estado de milhões de fãs que o seriado conquistou com pouco mais de 30 episódios (contando com o segundo ano). A trama é sobre 48 sobreviventes de um suposto acidente de avião que habitam uma estranha ilha tropical. Estranha porque sua fauna inclui seres inusitados. Um urso polar e um monstro que jamais aparece, mas emite ruídos assutadores. Há, também, uma categoria de gente enigmaticamente chamados de "Os Outros". Em outras palavras, a série trata de um mistério. Não se sabe ao certo quem e onde estão os personagens envolvidos. Há quem fale de um lugar imaginário, de céu e inferno, de vida após a morte.
A certeza é de que a audiência tornou-se proporcional ao segredo. Nos Estados Unidos, 23,5 milhões de pessoas viram a série em setembro de 2005. Lost venceu o Globo de Ouro de melhor série dramática de 2006, além de acumular 12 Emmy Awards. Por aqui, a Globo adquiriu os direitos de transmissão e está exibindo os episódios diariamente, desde o dia 6 de fevereiro, depois do Jornal da Globo, com bons índices de audiência.
O sucesso deve-se muito àquilo que os cinéfilos de mais afinco conhecem como McGuffin. Trata-se de um dispositivo de roteiro, geralmente banal, inserido para dar ação aos personagens e ao filme. Um exemplo primário: um grupo de detetives tenta descobrir o paradeiro de uma mala. A mala seria o próprio McGuffin, o argumento que motiva a evolução do enredo, que, por sua vez, não fala propriamente sobre a mala, mas sobre a busca dela. Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, talvez seja o mais famoso empregador do método.
McGuffin está em Psicose (dinheiro que Marion Crane rouba de seu patrão) ou, ainda, em Intriga Internacional, sob a forma do suposto espião perseguido por Cary Grant. Outro exemplo é o significado de "Rosebud", palavra murmurada por Charles Foster Kane antes de morrer, que move a obra-prima Cidadão Kane, dirigida por Orson Welles.
Na tevê, o McGuffin mais famoso talvez seja Laura Palmer. Ela é a personagem que morre no primeiro episódio de Twin Peaks, outro seriado da ABC que se tornou febre no início dos anos 90. Co-produzida por David Lynch e Mark Frost, a série sobre "mistério de Laura Palmer" segurou dezenas de espisódios no ar, durante duas temporadas, falando menos da própria investigação do que a respeito da teia de gente e de suas relações em uma cidade interiorana dos Estados Unidos. Em Lost, a ilha permeada de mistérios não é mais que um enorme McGuffin. Se os espectadores não sabem do que se trata, é bem possível que os autores tampouco saibam.
Talvez uma dica do roteirista Craig Wright ajude. Ele disse à imprensa internacional que uma referência ao livro O Terceiro Tira, do escritor irlandês Flann OBrien, colocada em um episódio da segunda temporada de Lost, está lá "muito especialmente por uma razão". Depois que o episódio foi ao ar, o livro vendeu mais cópias em três semanas (15 mil exemplares) que em seis anos de publicação. No Brasil, o título, editado pela L&PM Pocket, está fora de catálogo. Talvez a exibição do episódio neste mês justifique uma reedição.
Para o segundo ano da série, a produção garante a resolução de alguns mistérios e a criação de outros, com direito a novos personagens. O AXN (NET, TVA, Directv, SKY) exibe a série às segundas-feiras, às 21 horas. No dia 6, às 20 horas, será transmitido um programa especial sobre Lost, e, a partir do dia 13, o canal vai passar também a reprise do episódio da semana anterior às 20 horas.
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