No jargão corrente no meio cinematográfico norte-americano, existe um determinado tipo de roteiro que recebe a alcunha de "história sobre um peixe fora dágua". Como Hollywood adora enredos que envolvam indivíduos que, mergulhados em algum tipo de ostracismo, conseguem encontrar seu lugar no mundo sem se trair, mas por meio de alguma espécie de redenção, exemplos não faltam. Entre os bem-sucedidos, que não são muitos nos últimos tempos, o mais recente é a comédia romântica Hora de Voltar, recém-lançada em vídeo e DVD no Brasil.
Primeiro trabalho como diretor do ator Zach Braff, mais conhecido no Brasil pela série Scrubs, o filme consegue apropriar-se de uma fórmula batida, reinventá-la e até acrescentar uma generosa dose de originalidade.
O próprio Braff vive o protagonista, Andrew Largeman, um jovem ator que sobrevive em Los Angeles graças a bicos. A história tem início quando o personagem retorna à casa paterna para enterrar a mãe. Em estado de imobilidade emocional desde os 9 anos, quando teria provocado um acidente que deixou sua genitora paralítica, o rapaz encontra no funeral e nos dias que sucedem o evento uma oportunidade de ajustar as contas com o passado, o pai psicanalista (Ian Holm) e consigo mesmo.
Durante a estada numa pequena comunidade-dormitório de Nova Jersey (o Garden State que dá título original à produção), Andrew reencontra um amigo de infância (o ótimo Peter Saarsgard), afundado na letargia e na maconha, e conhece Sam (Natalie Portman), garota que lhe serve como uma espécie de mentora em sua jornada de volta a si mesmo. A personagem, no entanto, está longe de ser uma "mocinha" convencional. Ela é tão excêntrica e atormentada quanto Andrew. Juntos, eles vão tentar encontrar um sentido na vida. O resultado dessa busca é sublime, em alguns momentos, para o espectador.
Bons diálogos, personagens complexos e multifacetados, situações inusitadamente líricas, engraçadas e surpreendentes, sem falar de uma trilha sonora inspirada (composta de canções do indie rock anglo-saxão), fazem de Hora de Voltar uma surpresa muito agradável.
É uma daquelas histórias de amor que não subestimam a inteligência do espectador, divertindo e enlevando sem tirar-lhe o prazer de fazer pensar. Agora, é esperar e observar atentamente os próximos passos autorais de Braff, indicado ao Emmy 2005 de melhor ator em série cômica por Scrubs. GGGG
Números e prêmios
US$ 2,5 milhõesfoi o custo estimado de Hora de Voltar.
10 vezeso orçamento foi o que rendeu o filme de Zach Braff nos EUA: US$ 26,7 milhões.
* A produção venceu os seguintes prêmios: melhor diretor estreante (Associação de Críticos de Chicago e da Flórida), melhor longa de estréia (Independent Spirit Award) e Grammy de melhor trilha sonora.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas