Lá pelas tantas, depois da quinta ou sexta música, Alcione pede uma cadeira, abanca-se e conversa com a plateia como se estivesse na sala de casa. Falou da picanha deliciosa que tinha experimentado na cidade "gente, que carne foi aquela? Parti pra cima dela com tudo! Que delícia"; filosofou sobre as coisas da vida "porque muitas vezes a gente tem que ir ao inferno para descobrir que estava no céu", e discutiu até religião "Eu me encontrei no espiritismo, mas gente adorei essa vinda do Papa Francisco aqui no Brasil. Que lindo né?"...
Com tanta simpatia e simplicidade no trato com a plateia, não demorou para que o público fosse ganhando espaço na única apresentação da cantora em Curitiba, realizada neste sábado (24) no Guairão. Bastava um minuto de silêncio para que frases inteiras dos fãs fossem gritadas para a artista, todos muito à vontade, como se cantassem e conversassem com uma amiga que não viam há três anos quando Marrom esteve pela última vez na cidade.
No show, o espetáculo todo fica mesmo por conta da potência vocal de Alcione e do repertório de sucessos da artista que acumula mais de 40 anos de carreira.
Não há grandes surpresas no cenário ou jogo de luzes. O brilho todo vem de Marrom, que já entrou no palco com uma túnica toda prateada e cabelos bem loiros cantando o samba "Primo do Jazz", depois deu as boas-vindas e deixou todo mundo à vontade: "Boa noite Curitiba, boa noite Guairão! Quanto tempo hein?? Puxa, vocês me abandonaram! Bom, mas agora estou na área e se me derrubarem é pênalti!", brincou.
No repertório, conforme o prometido, Alcione misturou antigos sucessos, como "Além da Cama", "Estranha Loucura", "Meu ébano" e "O que eu faço amanhã", com as novas músicas do último trabalho Eterna Alegria que também dá nome ao show.
O público, que estava bastante diversificado -- era possível ver casais de meia idade, pessoas mais velhas e até mocinhas entoando todos os hits da artista -- delirava nas músicas mais românticas, como se todos ali já tivessem curtido uma boa fossa junto com a cantora.
Antes de encerrar a apresentação, Alcione trocou a túnica prata por uma verde e rosa e fez uma homenagem à Mangueira, sua escola do coração. Hora do público sair das cadeiras para dançar, deixar os sambas-enredo invadirem o Guairão e dar até logo para a Marrom.
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