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Londres (Folhapress) – É preciso um coração de pedra para não se deixar seduzir por The Magic Numbers. Ainda que o disco da banda tenha chegado há algumas semanas às prateleiras das lojas, os fãs fervorosos do quarteto de West London já são milhares.

Em maio, com apenas um single de circulação limitada, "Hymn for Her", lançado em novembro, eles tocaram no maior show de sua carreira. Dez dias mais tarde, lançaram o seu primeiro single "de verdade", o onírico "Forever Lost", que imediatamente saltou para os 20 mais tocados das paradas de sucesso.

Desde que estreou em um pub londrino em fevereiro de 2003, a banda, que consiste de duas duplas de irmãos – Romeo e Michele Stodard, nascidos em Trinidad e criados em Nova York, e, vindos de Hanwell, Angela e Sean Gannon, só um pouquinho menos exóticos –, vem conquistando uma base sólida de fãs.

Amontoados em volta de uma mesinha, os irmãos e irmãs estão resplandecentes de alegria e energia nervosa. Não há nada de fingido nessa banda meio gordinha, cabeluda à moda hippie. E o que torna The Magic Numbers especial é sua normalidade escancarada. As pessoas parecem perder as inibições quando eles estão por perto; simplesmente soltam a respiração e vivem.

"Pessoas como nós não estão tentando apresentar qualquer fachada ou imagem", explica Sean, o baterista. "Ninguém quer ser nada diferente do que é. O que fazemos é muito honesto, e as pessoas simpatizam com isso."

Mas, para um pessoal tão genuinamente alegre, eles com certeza escrevem algumas canções muito tristes. Ainda que influências de Gram Parsons, Lovin’ Spoonful, Neil Young e dos Beach Boys se façam ouvir alegremente nos riffs brincalhões de blues que The Magic Numbers emprega, o álbum está repleto de canções pessoais que sugerem que o compositor Romeo, apesar do nome, não tem muita sorte no amor.

A voz forte e terna de Romeo exibe carência e tremula com toda forma de dor e sofrimento, antes que os vocais de apoio cristalinos e comoventes de Angela apareçam para consolá-la. Perguntado sobre o tema de suas composições, a alegria desaparece por um momento de seu rosto.

"Para ser honesto, de vez em quando ouvir o disco me incomoda bastante", diz, retorcendo nervosamente a tampa de uma garrafa. "Eu realmente tento capturar todas essas emoções no meu vocal. E, por isso, quando me ouço cantando..." Ele se deixa parecer vulnerável por um instante, antes que o castanho de seus olhos recupere o brilho zombeteiro.

"As canções foram inspiradas por relacionamentos fracassados ou tristezas, mas há algo de positivo também nelas. Não sei se estou descrevendo bem a idéia de esperança, mas acredito que se possa superar as coisas, e esse é o sentimento que quero difundir."

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